O impacto da sua dieta no planeta – 03.05.2017
Os alimentos que escolhemos colocar em nossos pratos, ou jogar fora, têm um impacto ecológico muitas vezes maior do que percebemos. Conheça alguns desses tristes números, e saiba o que fazer para melhorá-los:
Segundo Viviane Romeiro, coordenadora de mudanças climáticas do World Resources Institute (WRI) Brasil, as perdas de alimentos no nosso país chegam a 40 mil toneladas por dia. Os consumidores brasileiros contribuem com cerca de 10% do desperdício dentro da cadeia logística, que envolve também a produção, distribuição e armazenamento dos alimentos, de acordo com Alcione Silva, membro do corpo diretivo da Rede Save Food Brasil, entidade que tem apoio da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) no Brasil.
Isso significa que precisamos de políticas públicas contra esse problema. No entanto, cada um de nós também pode fazer a sua parte para melhorar a situação. Tenha consciência do desperdício e de como evitá-lo.
— Não comeu tudo? Saiba o impacto de jogar comida fora
Todos nós passamos por isso. Vemos aquele monte de opções ou aquele nosso prato preferido e acabamos pegando mais do que realmente conseguimos comer. Mas aquela meia porção que sobrou no seu prato e vai para o lixo não é um problema tão grande assim, certo?
Errado. Nossos pais e mães que insistiam para que comêssemos tudo porque existe gente passando fome no mundo estavam mais certos do que eles mesmos podem imaginar.
Todos os anos, de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), desperdiçamos quantidades de alimentos que valem aproximadamente US$ 750 bilhões (mais de R$ 2,3 trilhões, no câmbio atual). Isso mesmo, enquanto estimativas apontam que 870 milhões de pessoas estão passando fome, o resto do mundo está jogando fora cerca de um terço de todos os alimentos que são produzidos.
Apenas nos Estados Unidos, de 30 a 40% do fornecimento de alimentos pós-colheita acaba no lixo. O Brasil também está na lista dos dez países que mais desperdiçam comida, com cerca de 30% da produção praticamente jogados fora na fase pós-colheita.
E pode ir tirando seu cavalinho da chuva se você acha que tudo isso é culpa das crianças que não querem terminar seu jantar. Nesta conta está o alimento que é jogado fora em casa, assim como resíduos de unidades de produção, lixo de restaurantes e comida jogada fora por mercearias.
Todos os anos, cerca de 1,4 bilhões de hectares de terra são usados para produzir alimentos que serão desperdiçados. Como um número tão grande tende a ser difícil de visualizar, isso é mais do que 25% de toda a terra agrícola do mundo. É também o equivalente a 200 Irlandas. Esse desperdício de solo é um problema ainda maior quando você analisa quanta terra é desmatada para campos agrícolas, quantas espécies são invadidas e quantas plantas e animais estão ameaçados de extinção devido à perda de habitat.
E isso é só terra – a água que é usada para produzir comida desperdiçada é três vezes o volume do Lago Léman, ou três vezes o que flui pelo rio Volga, os maiores da Europa. Em outras palavras, cerca de 35% do nosso consumo de água doce é jogado no lixo.
Outros 30% desperdiçados são os fertilizantes aplicados aos terrenos agrícolas, o que também tem um impacto significativo sobre o meio ambiente. Outra coisa que impacta a natureza são os gases de efeito estufa que são produzidos por esses alimentos jogados fora: aproximadamente 3,3 bilhões de toneladas destes gases vão direto para nossa atmosfera já sobrecarregada.
Nós tendemos a implicar com os Estados Unidos, mas pesquisadores do Programa Ambiental das Nações Unidas e da FAO descobriram que eles definitivamente não são os únicos culpados. As taxas de resíduos alimentares também são incrivelmente altas na Ásia, especialmente quando se trata de cereais e grãos. Não surpreendentemente, áreas (e famílias) de alta renda são os que mais desperdiçam. Aqui na América Latina, somos extraordinariamente ruins quando se trata de resíduos de carne.
Os estudos da ONU descobriram onde a maior parte do desperdício de alimentos estava acontecendo e os principais culpados incluem o que é jogado fora no processo de preparação entre a colheita e o supermercado. Quando se trata do que jogamos fora em nossas casas, a média é de cerca de 9,2% do orçamento anual de alimentos de cada residência.
— Repense seus hábitos carnívoros
Tudo o que comemos tem uma “pegada ambiental”: para ser cultivado e chegar até nosso prato, levou terra, água e energia.
O WRI calculou as emissões de gases de efeito estufa associadas com a produção de um grama de proteína comestível de vários alimentos. Não surpreendentemente, eles descobriram que alimentos como feijão, peixe, nozes e ovos têm o menor impacto. Aves, suínos, leite e queijos têm impactos de médio porte.
Em termos de efeito estufa, de longe, os maiores impactos estavam ligados à carne vermelha, de bovinos, ovinos e caprinos. Isso é, em parte, porque a necessidade de pastagens impulsiona o desmatamento de lugares como a Amazônia.
A carne usa 28 vezes mais terra por caloria consumida – e duas a quatro vezes mais água doce – do que a média das outras categorias de carne. Além disso, as vacas são menos eficientes do que outros animais, como porcos e aves, na conversão alimentar em alimentos.
Parar de comer carne vermelha não é algo que a maioria das pessoas está disposta a fazer. Mas, mesmo que você não desista inteiramente desse consumo, diminui-lo já pode afetar significativamente a pegada de carbono de sua dieta.
— Procure melhores opções de saladas
À medida que o interesse pelas dietas centradas em plantas aumenta, novas empresas alimentares estão testando pratos diferentes, mais saudáveis e amigos do meio ambiente.
Por exemplo, uma iniciativa do WRI, chamada Better Buying Lab, está reunindo grandes empresas (incluindo Panera Bread, Sodexo, Google, Unilever e Hilton) para desenvolver e testar estratégias para incentivar os consumidores na escolha de alimentos mais sustentáveis. Parte disso é procurar colocar mais pratos à base de plantas em menus do mundo inteiro.
O grupo está trabalhando muito para alcançar essa meta, fazendo parcerias com cozinheiros e chefes de suas companhias para criar receitas novas, que apelem ao gosto do público. Ideias promissoras incluem o conceito de “super saladas”, contendo combinações dos chamados superalimentos como nozes, sementes, verduras, legumes e abacate.
Hambúrgueres mistos (de carne e cogumelos, por exemplo) também são uma excelente opção para diminuir o impacto de sua dieta. Muitos consumidores já estão se acostumando com a ideia. Não custa tentar, pelo menos ocasionalmente.
— Dicas simples de conservação de alimentos para evitar o desperdício
1. Mantenha as bananas frescas por mais tempo, envolvendo seus cabinhos em plástico
A razão é bastante simples: as bananas liberam gás etileno, que controla o escurecimento enzimático e amadurecimento da própria fruta e de quaisquer outras perto delas. Muito do gás sai daquela região que liga a banana em si ao seu cacho, conhecida como haste. Ao envolvê-la, você retarda o processo de amadurecimento e, consequentemente, as frutas não estragam tão rápido. O processo é exatamente igual ao costume de enrolar mamão em folha de jornal para que ele demore mais para amadurecer.
2. Congele ervas em óleo para preservá-las
O congelamento é sempre uma ótima maneira de conservar os alimentos, mas raramente pensamos em fazê-lo com ervas, que normalmente usamos como tempero, como salsinha e cebolinha. Se você congelar ervas em óleo, você já garante uma pequena quantidade de óleo para cozinhar sua refeição, além das ervas em si, para temperá-la.
3. Armazene suas batatas junto com as maçãs para evitar que elas brotem
Assim como as bananas, as maçãs também liberam gás etileno. Isso faz com que alguns frutos amadureçam mais rápido, mas também previne que as batatas brotem de repente.
4. Conserve os tomates de cabeça para baixo
Quando você armazena um tomate com a haste para baixo (em temperatura ambiente, e não na geladeira), essa posição impede que o ar e a umidade entrem pelo local de onde o fruto foi arrancado no momento da colheita. Isso prolonga um pouco a sua vida útil.
5. Guarde os limões na geladeira para mantê-los suculentos
Existem diversas maneiras de se armazenar limões, mas depois de testar várias delas, um famoso programa de culinária da televisão estadunidense, chamado America Test Kitchen, chegou à conclusão de que a melhor forma de conservação é armazená-los em sua geladeira. Isso faz com que eles se mantenham mais suculentos e pode até mesmo adicionar um pouco mais de longevidade se você os armazenar em um saco plástico.
6. Mantenha frutas mais delicadas, como morango e amora, em uma única camada, para mantê-las frescas
Parece que frutas mais delicadas – por exemplo, frutas vermelhas como morangos, amoras ou framboesas – estragam muito rapidamente, não é mesmo? Uma maneira de mantê-las frescas e ideais para o consumo por mais tempo é armazená-las em uma única camada. Ou seja, tire-as das bandejas nas quais elas normalmente são comercializadas (com diversas camadas de frutas, uma em cima das outras) e distribua-as em uma única camada, em algum recipiente propício. Isso impede que o suco das frutas vaze e prejudique as camadas abaixo.
7. Evite que o molho guacamole escureça adicionando um pouco d’água
Você decidiu fazer uma noite mexicana em casa, mas acabou superestimando a fome de seus convidados e sobrou guacamole, iguaria típica feita à base de abacate. Se você deixá-lo na geladeira durante a noite, o molho tende a apresentar uma tonalidade marrom mais no topo. Para evitar que isso aconteça, adicione uma fina camada de água sobre ele. A água é uma barreira contra o oxigênio e impede que o molho escureça.
Mais que um quarto de nossas emissões de gases do efeito estufa vêm da produção de alimentos. Isso significa, entre outras coisas, que se a população mundial parasse de comer carne, a emissão de carbono diminuiria. Nós sabemos disso já faz um tempo. No entanto, os cientistas não sabiam o quanto economizaríamos com a troca de bifes para hambúrgueres de tofu. Agora, um novo estudo da Universidade de Oxford (Reino Unido) afirma que o vegetarianismo poderia reduzir a emissão de gases de efeito estufa para menos da metade do que é hoje. Isso é uma queda muito maior que as expectativas anteriores calculavam. No passado, pensávamos que se o mundo virasse vegetariano, poderíamos cortar em 25% as emissões relacionadas com a alimentação. No entanto, tudo depende do que você come. Com algumas substituições, as emissões poderiam até mesmo aumentar. Os cientistas resolveram fazer as contas usando dados das dietas reais de mais de 50.000 pessoas no Reino Unido, calculando suas emissões de carbono relacionadas com a alimentação. Eles descobriram que, se as pessoas que comem mais de 100 gramas de carne por dia – o equivalente a um bife de alcatra relativamente pequeno – se tornassem vegetarianas, sua contribuição de carbono relacionada com a comida diminuiria em 60%, economizando o equivalente a 1,5 toneladas de dióxido de carbono por ano. Talvez de forma mais realista, se uma pessoa reduzisse seu consumo de carne para menos de 50 gramas por dia, as emissões relacionadas com os alimentos cairiam em um terço. Isso economizaria quase uma tonelada de CO2 a cada ano. Pescatarianos, (que comem peixe, mas não outros tipos de carne), são quase tão amigos do meio ambiente quanto os vegetarianos, gerando apenas cerca de 2,5% mais emissões relacionadas com os alimentos. Mas os veganos superam os vegetarianos, emitindo 25% menos gases do efeito estufa em comparação com os que ainda comem ovos e laticínios. Vale lembrar a diferença entre esses dois regimes alimentares. Enquanto o vegetariano exclui todos os tipos de carne (boi, peixe, frutos do mar, porco, frango e outras aves), bem como alimentos derivados de carne, veganos são pessoas que não consomem nenhum produto que tenha origem animal ou que tenha sido testado em animais, como alguns cosméticos e produtos de limpeza, o que também exclui gelatina, lacticínios, ovos e mel, por exemplo. Levando em conta não só o consumo alto de carne do mundo, bem como o grande desperdício de alimentos que existe (de acordo com o ONU, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçados anualmente, segundo relatório de 2013), os pesquisadores afirmam que diminuir a quantidade de carne pode fazer uma enorme diferença para o meio ambiente. Aqui na Cozinha de Monicavox temos muitas opções alternativas para quem não consome proteína animal e quer ter uma saúde livre de produtos químicos e substâncias tóxicas. acesse e experimente as minhas receitas… esta qualidade, realmente vai lhe surpreender….
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