Os dados comprovam: em pouco tempo, robôs substituirão empregos – 14.04.2017
Eles não dormem, não comem e não precisam de plano de saúde. Os robôs podem até deixar os empregadores felizes, mas novas pesquisas mostram exatamente que tipo de impacto isso poderia ter sobre a estrutura da economia mundial e o formato de sua futura força de trabalho.
Uma dupla de economistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da Universidade de Boston publicaram um relatório no Departamento Nacional de Pesquisa Econômica dos EUA que descreve o custo da troca de mão-de-obra humana para máquinas programadas em áreas como manufatura, agricultura, pesquisa e desenvolvimento e até educação.
Os resultados não são exatamente excelentes para os trabalhadores nestes mercados de trabalho. “Espera-se que os robôs, em especial os robôs industriais, se espalhem rapidamente nas próximas décadas e assumam tarefas anteriormente realizadas por trabalhadores”, afirmam os pesquisadores em seu relatório. Os resultados foram publicados pelo centro de pesquisa sem fins lucrativos National Bureau of Economic Research.
O estudo examinou o aumento constante da automação em vários mercados de trabalho entre 1993 e 2007, aplicando um modelo estatístico para prever o impacto global que os robôs têm sobre os custos do trabalho humano. Foi determinado que cada robô adicional reduz o emprego de 5,6 trabalhadores. Não só isso, mas para cada mil trabalhadores, um robô poderia reduzir os salários entre 0,25% e 0,5%.
Claro, a automação não é nada de novo. Trocar a mão-de-obra por roldanas e alavancas tem sido motivo de preocupação desde que Ned Ludd teve um ataque de raiva com máquinas de tricô em 1779, iniciando uma revolução no modo de produção. As últimas décadas trouxeram um aumento maciço no papel da maquinaria automatizada e inteligente em muitas indústrias, com um aumento de quatro vezes nos robôs dentro dos 14 anos estudados pelos economistas.
Isso ainda não significa que ainda estamos com robôs “até o pescoço”; atualmente há apenas 1,75 robôs para cada mil trabalhadores nos Estados Unidos. O número de empregos permanentemente perdidos no país devido à automação é estimado em não mais do que cerca de 670 mil, em comparação com um total de 145.798.000 empregos atualmente disponíveis nos EUA.
Porém, alguns economistas prevêem que estes números se quadrupliquem até 2025, chegando a 5,25 robôs para cada mil seres humanos. Isso contribuiria para um potencial de 3,4 milhões de empregos perdidos.
Mas antes que todo mundo comece a pegar em tochas e foices, o cenário pode não ser apenas de desgraça e melancolia. Por um lado, os números apresentados pelo estudo são o caso extremo. O próprio relatório é apenas um único estudo baseado em uma série de pressupostos sobre as tendências passadas e futuras, deixando muito espaço para debate.
Voltando atrás por um momento e olhando para o contexto geral, outros economistas viram um padrão ao longo do século passado que sugere que o que a automação tira, devolve em outras áreas. O economista Robert Cohen, do Instituto de Estratégia Econômica, afirmou no último ano em entrevista à revista “Fortune” que “a computação em nuvem, a Big Data e a Internet das Coisas empregarão milhões de pessoas em novos tipos de empregos”.
No entanto, isso pode não ser tão reconfortante para aqueles com habilidades adequadas para o tipo de trabalho que em breve será preenchido por um robô. E também não significa que os postos de trabalho não vão se mover ao redor do mundo, indo de uma economia para outra.
Sem dúvida, a maneira como o dinheiro se move dentro e entre as nações evoluirá também. No início deste ano, Bill Gates sugeriu cobrar impostos sobre robôs como uma alternativa a proibi-los completamente, retardando o que poderia ser uma mudança cada vez mais rápida. Elon Musk, por sua vez, prevê um futuro onde um salário universal básico – um tipo de renda garantida apenas por ser um cidadão – pode ser importante para combater a automação que ameaça os trabalhadores.
Veja este braço robótico construir uma casa em apenas dois dias…
A empresa australiana Fastbrick Robotics acaba de anunciar sua nova máquina de assentar tijolo, o Hadrian X. Com a capacidade de assentar 1000 tijolos por hora, ele é quatro vezes mais rápido que qualquer pessoa, com o benefício de não ficar com dor nas costas. O braço robótico posiciona o tijolo no local correto e o corta se for necessário, com erro de menos de 0,5mm no posicionamento do material. A empresa liberou um vídeo em que demonstra o desempenho do robô. A casa foi construída a partir de um modelo em 3D, deixando espaço para as portas e janelas. Todo o processo levou apenas dois dias. Com esse tipo de equipamento, a empresa australiana espera revolucionar o mundo da construção, com projetos mais baratos e rápidos. Além da velocidade e precisão, esse tipo de robô também deve reduzir o desperdício de materiais, diminuir a quantidade de resíduos de construção gerados e tornar o ambiente mais seguro para os envolvidos na obra.
Assistam o vídeo… imperdível:
Boston Dynamics, empresa do Google (Alphabet), acaba de publicar um vídeo apresentando seu robô Atlas da próxima geração. Em um passeio pela floresta coberta por neve e gelo, ele mostra que consegue recuperar o equilíbrio quando escorrega e que consegue desviar de obstáculos.
Já a segunda parte da demonstração deixou qualquer pessoa que assistiu a filmes como “Inteligência Artificial” ou “Eu, Robô” com um leve gosto amargo na boca. Enquanto Atlas tenta levantar caixas de papelão com cerca de 5kg dentro, um dos engenheiros derruba a caixa repetidamente, e a empurra para longe dele. Depois dá um belo empurrão nas costas de Atlas, que cai de cara no chão. Tudo isso para demonstrar como o robô consegue refazer os cálculos e se recuperar rapidamente, claro – mas que parece bullying, parece.
A nova versão de Atlas tem 1,80m e pesa 81kg, um pouco mais baixo e com quase a metade do peso da versão de 2014. Assim como o robô apresentado em 2015, ele continua wireless, usando a energia de uma bateria de íon-lítio. Para provar que a equipe por trás do desenvolvimento de Atlas tem senso de humor, o vídeo termina com o robô humanoide vítima de bullying escapando do prédio da empresa sem ser visto por ninguém. Os engenheiros envolvidos no projeto que se cuidem…
Visão pessoal…
A inteligência artificial e a automação crescente vão dizimar os empregos da classe média, agravando a desigualdade e arriscando uma reviravolta política significativa. Este não é o roteiro de um filme futurista, mas uma previsão de uma das pessoas mais inteligentes do planeta, o físico Stephen Hawking. Em uma coluna no jornal The Guardian, o físico mundialmente famoso escreveu textualmente que “a automação das fábricas já dizimou empregos na manufatura tradicional, e a ascensão da inteligência artificial provavelmente estenderá esta destruição do trabalho profundamente nas classes médias, com somente os cargos de mais cuidado, criatividade ou de supervisão permanecendo”. Ele acrescenta sua voz a um crescente coro de especialistas preocupados com os efeitos que a tecnologia terá sobre a força de trabalho nos próximos anos e décadas. O medo é que, enquanto a inteligência artificial vai trazer aumentos radicais na eficiência na indústria, para as pessoas comuns isso se traduzirá em desemprego e incerteza, conforme seus empregos humanos sejam substituídos por máquinas. A tecnologia já destruiu muitos empregos tradicionais de fabricação e da classe trabalhadora – mas agora pode estar pronta para causar estragos semelhantes às classes médias. Um relatório publicado em fevereiro de 2016 pelo Citibank em parceria com a Universidade de Oxford, no Reino Unido, previu que 47% dos empregos nos EUA estão correndo risco de automação. No Reino Unido, 35%. Na China, incríveis 77%. Três das dez maiores empresas ou órgãos públicos empregadores do mundo já estão substituindo seus trabalhadores por robôs – a Foxconn, que faz a manufatura de produtos da Apple, do Google e da Amazon, a rede de supermercados Wallmart e o Departamento de Defesa do EUA – órgão com o maior número de empregos do mundo, já anunciaram avanços nesta área. Em muitos lugares do mundo já não existem empregos como frentistas de postos de gasolina e caixas de supermercados, cobradores de ônibus e vendedores em lojas de conveniência, tudo automatizado e vigiado por câmeras de segurança… na realidade, teremos que rever toda uma estrutura de trabalho não especializado em muito pouco tempo, afim de evitar um desemprego em massa e outros problemas derivados desta situação, que nada mais é do que a evolução tecnológica cobrando seu preço…
Inspiração…
Robôs serão os Soldados do Futuro
A Ascensão dos Robôs – Resumo – Martin Ford
Revista Scientific American – Seu Futuro com Robôs – Robótica
Recomendo…
Fonte – Monicavox