Você conhece um dos maiores tratados sobre a conduta, ética e o bem viver… – 16.03.2017

Você conhece um dos maiores tratados sobre a conduta, ética e o bem viver, que passa longe dos dogmas e da religião? Pois foi escrito há 2.500 anos a.C…. – 16.03.2017

Os “Versos de Ouro”, tradicionalmente atribuídos a Pitágoras (c. 580 a.C – 500 a.C), constituem um documento de valor inestimável e que, apesar de escritos há cerca de 2.500 anos, mantêm total atualidade. Os Versos Áureos constituem a relíquia mais autêntica da famosa Escola de Crótona. Escritos por Lísis, sob a inspiração do Mestre, cristalizam a moral pitagórica, nítida, superna, humaníssima.

Então, vamos a eles…

— Versos de Ouro

Tradução de Dario Vellozo, do original francês de Fabre d’Olivet

“Esses Versos, chamados dourados, – diz Fabre d’Olivet, – encerram os sentimentos de Pitágoras, e são tudo que nos resta de verdadeiramente autêntico a respeito de um dos maiores homens da antiguidade. Hierocles que no-los transmitiu com um longo e sábio Comentário, garante não conterem, como se o poderia supor, o sentir de uma pessoa, mas a doutrina de todo o corpo sagrado dos Pitagóricos, o eco de todas as assembléias. Acrescenta, existia uma lei que ordenava a cada qual, todas as manhãs, ao levantar, e todas as noites, ao deitar-se, a leitura desses versos, como em sendo os oráculos da escola pitagórica”.

Nota: Grifos em verde de Monicavox – Notas de rodapé no final…

— Preparação

Aos Deuses imortais o culto consagrado rende; e tua fé conserva.

Prestigia dos sublimes Heróis, a imárcida lembrança

E a memória eteral dos supernos Espíritos.

— Purificação

Bom filho, reto irmão, terno esposo e bom pai sê; e para amigo, o amigo da virtude escolhe;

E cede sempre a seus dóceis conselhos;

Segue de sua vida os trâmites serenos;

Sê sincero e bondoso, e não o deixes nunca,

Se possível te for; pois uma lei severa

Agrilhoa o Poder junto à Necessidade.

Está em tuas mãos combater e vencer

Tuas loucas paixões; aprende a dominá-las.

Sê sóbrio, ativo e casto; as cóleras evita.

Em público, ou só, não te permitas nunca o mal; e mais que tudo, a ti mesmo respeita-te.

Pensa antes de falar, pensa antes de agir;

Sê justo. Rememora: um poder invencível ordena de morrer; e os bens e as honrarias,

Fáceis de adquirir, são fáceis de perder.

Quanto aos males fatais que o Destino acarreta,

Julga-os pelo que são: suporta-os, procura, quão possível te seja, o rigor abrandar-lhes.

Os Deuses, aos mais cruéis, não entregam os sábios.

Como a Verdade, o Erro adoradores conta.

O filósofo aprova, ou adverte com calma.

E, se o Erro triunfa, ele se afasta, e espera.

Ouve, e no coração grava as minhas palavras;

Fecha os olhos e o ouvido a toda prevenção;

Teme o exemplo de um outro, e pensa por ti mesmo:

Consulta, delibera e escolhe livremente.

Deixa aos loucos o agir sem um fim e sem causa;

Tu deves contemplar no presente, o futuro.

Não pretendas fazer aquilo que não saibas.

Aprende: tudo cede à constância e ao tempo.

Cuida em tua saúde: e ministra com método,

Alimentos ao corpo e repouso ao espírito.

Pouco ou muito cuidar evita sempre; o zelo igualmente se prende a um e a outro excesso.

Têm o luxo e a avareza, efeitos semelhantes.

Deves buscar em tudo o meio justo e bom.

— Perfeição

Que não se passe um dia, amigo, sem buscares saber: Que fiz eu hoje? E, hoje, que olvidei?

Se foi o mal, abstém-te; e, se o bem, persevera.

Meus conselhos medita; e os estima; e os pratica:

E te conduzirão às divinas virtudes.

Por esse que gravou em nossos corações

A Tétrade sagrada, imenso e puro símbolo,

Fonte da Natureza, e modelo dos Deuses, juro.

Antes, porém, que a tua alma, fiel a seu dever, invoque, e com fervor, os Deuses,

Cujo socorro imenso, valioso e forte

Te fará concluir as obras começadas,

Segue-lhes o ensino, e não te iludirás:

Dos seres sondarás a mais estranha essência;

Conhecerás de Tudo o princípio e o termo.

E, se o Céu permitir, saberás que a Natura,

Em tudo semelhante, é a mesma em toda parte.

Conhecedor assim de todos teus direitos.

Terás o coração livre de vãos desejos,

E saberás que o mal que aos homens cilicia, de seu querer é fruto; e que esses infelizes

Procuram longe, os bens cuja fonte em si trazem.

Seres que saibam ser ditosos, são mui raros.

Joguetes das paixões, oscilando nas vagas,

Rolam, cegos, num mar sem bordas e sem termo,

Sem poder resistir nem ceder à tormenta.

Salvai-os, grande Zeus, abrindo-lhes os olhos!

Mas, não: aos Homens cabe, – eles, raça divina -,

O Erro discernir, e saber a Verdade.

A Natureza os serve. E tu que a penetraste,

Homem sábio e ditoso, a paz seja contigo!

Observa minhas leis, abstém-te das coisas que tua alma receie, em distinguindo-as bem;

Sobre teu corpo reine e brilhe a Inteligência,

Para que, te ascendendo ao Eiter fulgurante,

Mesmo entre os Imortais, consigas ser um Deus!

— Notas importantes e esclarecedoras;

Pitágoras de Samos (do grego Πυθαγόρας) foi um filósofo e matemático grego que nasceu em Samos entre cerca do ano 570 a.C. e 571 a.C. e morreu em Metaponto entre cerca do ano 496 a. C. ou 497 a.C. A sua biografia está envolta em lendas. Diz-se que o nome significa altar da Pítia ou o que foi anunciado pela Pítia, pois sua mãe ao consultar a pitonisa soube que a criança seria um ser extraordinário. Pitágoras foi o fundador de uma escola de pensamento grega denominada em sua homenagem de pitagórica.

Hierocles de Alexandria (Sec V A.D.), filósofo neoplatonista, que se notabilizou por volta do ano 430. Foi discípulo de Plutarco e ensinou durante alguns anos em Alexandria, de onde, porém, teria sido banido. Mudou-se para Constantinopla, mas as suas opiniões religiosas foram tidas como tão ofensivas que foi preso e chicoteado. A única obra completa que chegou até nós é o seu comentário a Carmina Aurea de Pitágoras.

— E quanto aos versos…

Versos 1 a 3 – É curioso notar a hierarquização dos seres espirituais em deuses, heróis ou semideuses, e demônios terrestres, e o fato de se situarem abaixo do Deus/Plenum Cósmico/Criador, a quem os Deuses Imortais prestaram um Juramento que deve ser reverenciado, o de preservar todas as coisas nos seus lugares, e manter a beleza e a harmonia do Universo. Os Demônios Terrestres serão, em minha opinião, os Egos de homens justos e bons que já alcançaram a libertação do ciclo de morte e vida, ou estão prestes a alcançá-la, isto é, altos Iniciados. Recorde-se que Sócrates dizia ter, como companheiro, o seu demônio.

Versos 40 a 44 – Trata-se, evidentemente, do exercício de Retrospecção que Max Heindel nos transmitiu e que tanto prezava.

Verso 47 – Este juramento é feito perante o próprio Pitágoras, de onde a hipótese de Os Versos de Ouro não terem sido escritos por ele, mas por um dos seus discípulos.

A Tetraktis ou Tétrade – é o número quaternário, ou o 10 formado pela adição dos quatro primeiros números (1+2+3+4), um dos conceitos fundamentais na doutrina pitagórica. O quatro simboliza a terra, a totalidade do criado e do revelado, sendo a totalidade do criado também a totalidade do perecível. Pitágoras dizia que a nossa alma é formada pela tetraktis, ou seja a inteligência, a ciência, a opinião e a sensação.

Verso 62 – Estes demônios são os seus próprios Egos superiores, porque vê-los e conhecê-los significa estar livre de todos os males.

Visão pessoal…

Há muitos anos, estudando a escola de Crotona por ser admiradora de Pitágoras (que muitos acham que só desenvolveu o teorema matemático), chegou-me às mãos esses versos, das quais nunca mais saíram, nem da boca, nem da mente/coração, nem da minha vida. Tenho gravado em um quadro em minha casa, pois sempre ao passar por ele, posso ler algumas linhas soltas, às vezes, tão necessárias no momento que eu estou vivendo; outra hora, resolvo parar e ler, silenciosamente, imaginando o quanto é verdadeiro e certo, o quanto é atual, mesmo após 2.500 anos… e como o homem tem tesouros e caminhos para se guiar diariamente, ainda mais nesta época de tantas incertezas e transformações. De magna importância a interpretação desse Código, “tábua de esmeralda” em que se gravaram os princípios do filósofo de Samos, ouro de ideias, síntese da ciência e da alma, esplendor do Verdadeiro, do Belo e do Bem,  águas límpidas a desvendar todas as nuances da filosofia do mundo, ramalhete de flores, estendido sobre as angústias das inteligências. Os comentários de Hierocles e Fabre d’Olivet jogam uma discreta luz nas linhas do ritual de Lísis, clareando os objetivos da Escola Pitagórica. À sua sombra acolhedora, bem se poderiam reunir nós, os humanos, fraternalmente congregados para a prática das Virtudes, estirpadas do coração nos últimos séculos deste planeta. Seriam bem mais claros e confortáveis os dias da humanidade, se a música dos Versos Dourados fosse ouvida….

Inspiração…

Trecho da Obra “Hôrto de Lísis“, de Dario Vellozo; publicada pelo I.N.P. em Obras I, p. 94, 1969.

Sociedade Brasileira de Eubiose

Os Versos de Ouro de Pitágoras

Recomendo…

Fonte – Monicavox

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