Desejos – O motor da mudança… – 13.03.2017
Os desejos não surgem do nada. Formam-se inconscientemente em nosso interior e surgem somente quando chegam a ser algo definido, como “Quero pizza”. Antes disto, os desejos não são percebidos ou ao menos, sentidos como uma inquietude geral. Todos têm experimentado esse sentido de querer algo, porém não sabendo exatamente o que; é um desejo que ainda não amadureceu.
Platão disse uma vez: “A necessidade é a mãe da invenção” e estava certo; a única forma pela qual podemos aprender algo é primeiramente querendo fazê-lo. É uma fórmula muito simples: quando queremos algo, fazemos o necessário para consegui-lo. Criamos tempo e acumulamos energia e desenvolvemos as habilidades necessárias. Isto significa que o motor da mudança é o desejo. A forma em que se desenvolvem nossos desejos define e determina toda a história da humanidade. À medida que estes se desenvolvem, motivam as pessoas a estudarem seu meio ambiente, de forma que possam realizar seus desejos.
Diferente dos minerais, plantas e animais as pessoas se desenvolvem constantemente. Em cada geração e em cada pessoa, os desejos “…é totalmente impossível realizar um mínimo movimento sem alguma motivação ou seja, sem a possibilidade de beneficiar-se de alguma forma. E cada vez os desejos surgem mais e mais fortes.
O motor da mudança – o desejo – é feito de cinco níveis, de zero a quatro. Os Cabalistas se referem a este motor como “o desejo de receber prazer” ou simplesmente “o desejo de receber”. No início da Cabala, há uns 5.000 anos, o desejo de receber estava no nível zero. Hoje, como podemos adivinhar está no nível quatro, o nível mais intenso. Porém, naqueles novos dias em que o desejo de receber estava no nível zero, esses desejos não eram suficientemente fortes para nos separar da natureza e uns dos outros. Naqueles dias, esta unidade com a natureza que hoje em dia muitos de nós pagamos para re-aprender em classes de meditação (e reconheçamos, nem sempre com êxito), era a forma natural de vida.
As pessoas não se conheciam de outra maneira, inclusive não imaginavam que poderiam estar separadas da natureza, nem desejavam. Em realidade, naqueles dias, a comunicação da humanidade com a natureza e uns com os outros discorria com tanta fluidez, que as palavras não eram necessárias e em seu lugar, comunicavam-se mediante o pensamento, em forma similar a telepatia. Era um tempo de unidade e a humanidade por completo era uma só nação.
Mas então ocorreu uma mudança: os desejos começaram a crescer e chegaram a ser mais egoístas. As pessoas quiseram mudar a natureza e usá-la em proveito próprio. Em lugar de querer adaptar-se a esta, quiseram mudá-la para suas próprias necessidades. Chegaram a distanciar-se da natureza e, por conseguinte a separar-se e alienar-se entre si.
Hoje, muitos séculos depois, estamos descobrindo que esta não foi uma boa ideia, simplesmente não funciona. E mais, desde aquela divisão, temos estado confrontando a natureza. Em lugar de corrigir o aumento do egoísmo para permanecer em união com a natureza, temos construído um escudo mecânico e tecnológico que assegura nossa protegida existência dos elementos naturais. Isto significa, sem dúvida, que sejamos conscientes ou não, estamos em realidade tratando de controlar a natureza e tomar o assento do condutor.
Hoje em dia, muita gente está se cansando do fracasso das promessas tecnológicas de riqueza, saúde e o mais importante, de um amanhã seguro. Muitos poucos obtiveram tudo isso hoje em dia e inclusive não podem afirmar que terão o mesmo amanhã. Porém, o benefício deste estado é que nos está forçando a reexaminar nossa direção e nos indagarmos: ”É possível que estejamos errando o caminho?”
Particularmente hoje, na medida em que reconhecemos a crise e o ponto morto que enfrentamos, podemos admitir abertamente que o caminho que temos escolhido é um beco sem saída. Em lugar de compensar nosso egoístico distanciamento da natureza escondendo-nos na tecnologia, deveríamos fazer a mudança deste por altruísmo e consequentemente pela unidade com a natureza. Na Cabala, o termo usado para esta mudança é Tikkun (Correção). Conscientizarmo-nos de nosso alijamento da natureza significa reconhecer a divisão que aconteceu entre nós (seres humanos) há cinco mil anos. Isto é chamado “o reconhecimento do mal”. Não é fácil, mas é o primeiro passo para um amanhã melhor.
— Equivalência Natural
Se observarmos como funciona a “lei de equivalência de forma” na natureza, notaremos que não há nada de excepcional aqui. Vemos só o que o nosso sistema de percepção – por exemplo, o olho – é capaz de captar por equivalência de forma. O olho humano enxerga um comprimento de onda numa escala de cores que vai desde o violeta até ao vermelho. Por isso, somos incapazes de captar um comprimento de onda mais alta que o violeta, por exemplo, o ultravioleta, a menos que tenhamos um equipamento apropriado. A abelha enxerga num comprimento de onda ultravioleta e dessa maneira localiza flores de distintos tipos. Os mosquitos por sua vez, captam o comprimento de onda apropriada a eles e assim podem dirigir “um ataque direto” às nossas veias. A “lei de equivalência de forma” funciona aqui de uma maneira muito tangível. Sabemos que a realidade está composta de múltiplas frequências que afetam nossas vidas mesmo sendo incapazes de percebê-las, como a radiação dos raios-X ou as ondas de rádio. Se tivéssemos o instrumento apropriado de captação, capaz de transformar estas ondas num comprimento adequado aos nossos sistemas naturais de percepção – os ouvidos, olhos, nariz e diversos sensores de nossos corpos – poderíamos reconhecer a existência destas ondas no ar.
Por exemplo, se perguntarem a você agora se há alguma transmissão em sua estação de rádio predileta, você dirá que não pode saber a menos que ligue o rádio na frequência daquela estação. O que é gerado então pelo rádio? O aparelho de rádio simplesmente sintoniza a frequência que já se encontra no ar, inclusive antes de sintonizá-la. Logo converte a mensagem produzida pela emissora da rádio, de uma frequência de onda que não podemos perceber, para uma que nossos ouvidos são capazes de captar.
— A equivalência de forma espiritual
No mundo espiritual, como no corporal, funciona a lei da equivalência de forma, só que no mundo espiritual não se fala de igualdade de frequências ou ondas e sim de uma semelhança ou diferença de intenções. No mundo espiritual são medidas somente as “intenções” (os pensamentos). A natureza do homem é pensar em si mesmo e em seu próprio proveito, apesar da Força Superior que ativa e dirige nossas vidas e toda a realidade, atuar só por amor, para dar, outorgar. Assim, no plano espiritual existe uma inversão entre o ser humano e a Força que dirige nossas vidas.
Portanto, se nosso desejo é conhecer e entender o Governo sobre este mundo, teremos que adquirir o atributo de outorgamento. Ao seguir pensando só em nós mesmos e em nosso benefício pessoal, não poderemos saber as causas do que ocorre ao nosso redor e em nosso interior, já que continuaremos num estado oposto ao da Força Superior.
Somente se encontrarmos a maneira de elevarmo-nos acima de nosso egoísmo, libertando-nos da auto-preservação alcançaremos a medida de equivalência de forma, como nossos sábios disseram: “Assim como Ele é misericordioso, também tu serás misericordioso, assim como Ele é piedoso, também tu serás piedoso…”. Assim penetraremos num mundo novo, de amor, outorgamento e generosidade. Consequentemente iremos experimentar o bem e a felicidade, a Meta principal da Criação.
Ninguém gosta de encontrar-se engarrafado no meio do trânsito, andar entre a multidão de consumidores num “shopping” ou esperar para sempre na fila do caixa de um supermercado. Por que existem estas multidões? Sempre estamos dispostos a compartilhar o mundo com amigos e parentes, com dezenas ou centenas de pessoas; a necessidade de compartilhar com os outros sete bilhões, sem dúvida, está menos clara. Por que então, há tanta gente no mundo? O sentido comum nos demonstra que ter relações recíprocas com as pessoas nos é conveniente. Se estivéssemos sozinhos no mundo, comer inclusive uma fatia de pão requereria um grande esforço. Ou seja, semear o trigo, esperar crescer, cozinhá-lo, moê-lo, amassá-lo e fazer o pão. Inclusive teríamos que construir o forno. Em lugar disto, podemos ir à padaria mais próxima e comprá-lo com pouco dinheiro e seguir desfrutando da vida sem perder mais que uns minutos na compra. Ou seja, trabalhamos várias horas ao dia e gozamos dos produtos do resto do mundo. Gozamos do ótimo chocolate belga, dos melhores perfumes do mundo – todos franceses -, dos relógios suíços e do café brasileiro. Os chineses fazem os carros de brinquedo para nossas crianças e os japoneses fabricam os carros verdadeiros que nós dirigimos. Mas esta é uma boa razão para que tanta gente exista? Se houvesse um bilhão de pessoas a menos no mundo sentiríamos sua ausência? Parece que podemos escolher entre sermos egoístas ou altruístas. Se examinarmos a Natureza veremos que o altruísmo é uma lei fundamental. Por exemplo, cada célula no corpo é intrinsecamente egoísta, mas para poder existir deve despojar-se de suas tendências egoístas em favor do bem estar dela mesmo. A recompensa para a célula não é só experimentar sua própria existência, como também a vida do corpo inteiro. Particularmente hoje em dia, o altruísmo tornou-se essencial para nossa sobrevivência. É um fato evidente que todos nós estamos interconectados e dependemos uns dos outros. Esta interdependência deu lugar a uma definição inovadora e precisa do altruísmo: Qualquer ação ou Intenção que se origine na necessidade de integrar a Humanidade numa só entidade, é considerada altruísta. Inversamente, toda atividade que não se enfoque em unir a Humanidade é egoísta. Nossa oposição as leis da Natureza é a fonte de todos os sofrimentos que presenciamos no mundo. E por ser o indivíduo o único que não as cumpre, pode-se concluir que é o único elemento corrupto dentro dela. O resto, ou seja, os minerais, os vegetais e os animais, obedecem as leis altruístas desta, por instinto. Só o comportamento humano se opõe a Natureza e à Fonte Criadora. O sofrimento que vemos ao nosso redor não é unicamente o nosso. Todos os demais níveis da Natureza são afetados por nossas atividades equivocadas. Se corrigirmos nosso egoísmo transformando-o em altruísmo corrigiremos, por conseguinte, todos os demais: a ecologia, a fome, as guerras e a sociedade em geral. Mesmo parecendo que a única mudança que temos que fazer é considerar aos demais antes que a nós mesmos, o altruísmo, não obstante, traz consigo um benefício adicional: Quando pensamos nos demais, nos integramos a eles e eles a nós….
Inspiração…
Um guia para iniciantes – Kabbalah.info
Cabala para Estudantes – Livro (pdf)
Fundamentos da Cabala: Sêfer Yetsirá – edição revisada e ampliada
As muitas faces do altruísmo: pressões seletivas e grupos
Evolução do altruísmo e da cooperação nos grupos humanos
Recomendo…
Fonte – Monicavox