A Consciência, o marco da nova humanidade… – 17.02.2017

A Consciência, o marco da nova humanidade… – 17.02.2017

Partimos do princípio de que todas as crises da humanidade originam-se numa crise única, que é a crise do ser humano. Neste sentido, cabe ao ser humano atenção, lembrança e observância ao que indica a noção exata de alma, consciência e Lei Natural para nossa evolução voluntária e consciente, lembrando que a humanidade é uma só família e nós, seres humanos, uma só irmandade; nos baseamos nos autores: Antônio Damásio, Pierre Teilhard de Chardin, Rupert Sheldrake , dentre outros, que compartilham ideias que nos inspiraram  a escrever sobre esse assunto. Concluímos que a humanidade caminha em marcha, no próprio processo de evolução, em que cada um aprende por si e também, e principalmente, com o outro e com o todo ao redor, para além das individualidades e mesmo crenças particulares, a partir da unidade de pensamento entre a religião, filosofia e ciência, envolvendo não somente suas ideias, mas também os meios realizadores de todo este ideal almejado.

sustentacaoA sociedade atual já tem elementos suficientes para perceber que os problemas que enfrentamos mundialmente não são apenas econômicos, políticos e tecnológicos. Eles são, em última análise, reflexo do estado moral/espiritual da humanidade. Eis que as nossas experiências pessoais e acadêmicos comprovam que é o despertamento, construção e desenvolvimento da consciência que implica progresso e não o avanço tecnológico. Alcançamos grandes conquistas tecnológicas, como a energia atômica, os computadores, os foguetes espaciais, entre outras, e tais conquistas tem sido fortemente utilizadas para fins bélicos, com o objetivo  de destruir o próprio semelhante, as sociedades, porque não dizer a humanidade.

Além disso, estamos gradualmente passando os efeitos das causas criadas no que se refere ao meio ambiente. Temos convivido com destruições ambientais catastróficas das mais diversas ordens, de uma maneira incontrolável pela própria ciência, apesar de todo aparato tecnológico. Tal conhecimento científico, entretanto, daria para extinguir muitas das enfermidades que comprometem a vida de milhares de pessoas, minimizar a pobreza, a destruição ambiental e conter a inanição até a sua completa extinção.

meditacao-chakras— Eis o valor da consciência

E considerando que todas as crises da humanidade tem sua origem na crise do ser humano, é com ele que deveremos trabalhar com afinco, a partir da consciência, até porque a consciência traz o que é verdadeiro e isto é porta para outras concepções, percepções até novas ações, numa dimensão que envolve não somente a ciência, mas a filosofia e a religião, inclusive através da educação. Educação esta que representa o novo estágio da humanidade, caracterizado pelo novo estado de consciência do Ser Humano. Nesta direção, o ser humano é iniciado na senda do saber pensar, porquanto, tal processo, lhe favorece o que indica a noção exata de alma, de consciência e de Lei Natural; para a sua evolução abreviada consciente, fortalece-lhe o senso de decência, inclina-o a valorizar o zelo para com o frágil, o necessitado, o carente, bem como lhe impulsiona a ousar de forma persistente na busca do que é dito e tido como difícil, improvável ou impossível.

Para tanto, contamos com grandes educadores, os artistas, os sábios e os místicos, que podem nos revelar a beleza, a verdade e o amor, educar a humanidade a ser humana, sem nada lhe impor ou mandar, mas simplesmente propondo e convidando. Neste sentido, buscamos atingir o nosso objetivo, com o presente post, fomentando reflexões que evidenciam de forma clara, segura e definitiva que a humanidade é a prioridade e que a consciência é o recurso específico da nova humanidade. Assim, vislumbramos a construção das bases de uma nova humanidade, e que as reflexões aqui compartilhadas possam servir como uma chave para abrir os portais da nossa interioridade, irmandade e interconectividade com o todo ao nosso redor, a partir de nós mesmos.

Na década de 40, Chardin já pré anunciava a existência de uma tarefa em curso no Universo, conforme destacamos:

“O nascimento da realidade espiritual formada pelas almas, e por aquilo que estas carregam consigo de matéria. Laboriosamente, através da atividade humana e graças a ela, reúne-se, desprende-se e depura-se a Terra nova. Não, não somos comparáveis aos elementos de um buquê, mas às folhas e às flores de uma grande árvore, sobre a qual tudo aparece no tempo e no lugar certos, conforme a medida e a demanda do Todo”. (CHARDIN, 1994, p. 96)

A nossa evolução assim vai se praticando de forma integrada com o todo, quer abreviada, quer naturalmente, considerando o conhecimento do todo, a partir de nós mesmos, através de um processo de autorrealização que exige um enorme investimento de tempo e de energia, em trilhas evolutivas como a evolução consciente e intencional.

E à proporção desta evolução voluntária, consciente e intencional nas nossas relações, primamos pelo diálogo ao invés do conflito, argumentação ao invés da ameaça, profundidade para além da superficialidade, espiritualidade para além da materialidade, bem como princípio moral ao invés da corrupção, violência e volúpia, de forma atenta, vigilante e perceptiva quanto ao que indica a noção exata de alma, consciência e Lei Natural; e com isso as nossas paixões e interesses pessoais vão sendo dominados pela capacidade de raciocínio, favorecendo equilíbrio à sociedade como um todo. E neste caso, destacamos o papel da educação de um modo geral.

Aqui vale ressaltar que como tudo vem do Uno é tempo de descobrirmos a unidade no meio da pluralidade, pois cada criatura, quer seja artista, sábio ou místico, é uma versão do Criador. Cada um deles é um pequeno espelho, e Deus precisa de todos e de cada um dos seres para refletir-se totalmente, revelando completamente a sua beleza, verdade e amor. E a humanidade também precisa de todos eles.

Nesta direção, cabe-nos unir tudo e todos também pelas diferenças e não só pelas semelhanças, considerando a humanidade como um todo, integrada com o Todo do qual somos e fazemos parte. Que possamos, assim, nos humanizar, nos tornar indivisos e nos divinizar, a ponto de não somente conhecermos, mas também nos autoconhecermos, momento a momento, em prol do autorrealizar, bem como reconhecer, nos integrar e nos totalizar; para tanto, a consciência despertar, e através da conduta, demonstrar.

eu-sou-despertar— “Todos somos um” – uma metáfora budista

Um grande mestre conhecedor profundo do caminho da virtuosidade, em suas reflexões com seus shelas, ele primava por sempre se expressar quanto ao valor do conhecimento relativo ao das virtudes essênias. Dizia ele que a fortaleza, temperança, prudência, perseverança, esperança, caridade e fé eram uma mesma coisa, embora devessem ser resguardadas as suas proporções, considerando o grau de despertamento da inteligência do seu buscador ou portador. Em seu templo, uma certa feita, um discípulo novato na senda do Imutável, Dedo, ainda muito impaciente e um tanto incompreensivo, embora deveras aplicado em suas realizações de aprimoramento pessoal, um dia, após as tarefas de aprimoramento espiritual, buscou o seu mestre amoroso, para se queixar de um outro dos seus discípulos, o Inho, que auto-intitulava: o mais liberado dos shelas, mas não pelo grupo que o considerava o mais irresponsável entre eles.

– Mestre, assim é demais, Inho nada quer fazer. Ele é de uma preguiça que dá dó, é de um orgulho, que sua estupidez denuncia. E o que é pior, é de uma vaidade insuportável, incabível e intolerável. Ele diz saber mais que todo mundo aqui do seu templo, e vive desdenhando, desprezando, bem como diminuindo os outros, como se fosse, senão o único, o melhor dos seus discípulos.

Disse Dedo ao mestre, que ouvira e continuou como estava, mas falando-lhe:

– Meu querido Dedo, afinal, qual a sua teoria acerca da humanidade como um todo? Perguntou o seu mestre. Muito rapidamente, Dedo falou, cheio de alegria que seu sorriso labial denunciava, demonstrando o quanto de saber tinha acerca do assunto questionado pelo seu mestre.

– Ora mestre, todos somos filhos de Deus; Dele viemos e a Ele retornaremos. Nós, o mundo e a humanidade somos Um, e os fazemos como são e estão. Enfim, todos somos Um.

– E então meu querido, de quem você está realmente falando? Perguntou o mestre, seguido de um silêncio desalentador e um aceno de mão que lhe era peculiar. E Dedo? Ah! Dedo procurou o chão… e depois deu preferência por realizar as suas tarefas de aprimoramento pessoal. Afinal, lavar pratos da primeira refeição do dia não lhe trazia constrangimento algum. Ele acabava de lembrar que é como ou com quem andamos que damos indícios e denunciamos quem somos. Ser humano é buscar saber como falar dos outros, porquanto, todos somos uns a ampliação dos outros, portanto, no fundo, quando falamos dos outros, falamos de nós mesmos. Tal como o discípulo Dedo, sentimos e podemos ver que muitos seres humanos ainda sofrem e criam, instalam e/ou mantém conflitos de toda ordem na sociedade, por ainda não compreenderem a força da totalidade que os envolve e os identifica universalmente (90% da massa inconsciente existente no planeta ainda pensa assim) e isso ainda continuará a existir enquanto o ser humano não der prioridade ao seu autoconhecimento, pois os despertos e conscientes ainda são uma ínfima parcela da população mundial. Por essa razão, ainda temos muito o que caminhar para vermos a Nova Terra que tanto sonhamos.

mulher-despertar-da-conscienciaVisão pessoal…

A humanidade necessita de seres humanos conscientes do seu papel individual e social, cientes da sua responsabilidade como dever e da liberdade como um direito e que possam agir e interagir com base não só no conhecimento, mas, também, no autoconhecimento, porquanto sua meta é a autorrealização. E somente assim torna-se possível prevalecer o ser sobre o ter, o sentir sobre o saber, a solidariedade sobre a exploração, a paz sobre a guerra, a compreensão sobre a crítica, a profundidade sobre a superficialidade, a espiritualidade sobre a materialidade, enfim, o desconhecido sobre o conhecido, evidenciando desta feita que a humanidade já tem a noção exata de alma, de consciência e de Lei Natural, para a sua evolução  consciente. Eis que a consciência nos une mutuamente e aquilo que temos em comum, nossa identidade universal, ultrapassa nossas diferenças e nos fortalece como humanidade, ajudando a conter, minimizar, até extinguir as crises por que todos passam, que fazem parte do mundo da causalidade, enaltecemos a consciência como o instrumento específico de identificação do que é verdadeiro, não-causal, atemporal e que ela nos torne hábeis para encontrar este mundo de não-causalidade, possibilitando-nos acessar os dois mundos, causal e não-causal, e transitar do externo para o interno e achar o interno que é porta. Assim, precisamos centrar em nós mesmos, buscando sermos cientistas do interior até porque somente assim podemos conhecer as nossas profundezas, adentrar na dimensão do inconsciente e ir além, com foco na humanidade, a partir da nossa individualidade….

“A consciência que possuímos é a do Ser que está além da divisão sujeito-objeto. Não há no universo outra fonte de consciência. (Amit Goswami)

“A consciência não se desvaloriza pela presença de processos não conscientes. Pelo contrário, o alcance da consciência é ampliado”. (Antônio Damásio)

Inspiração…

ABRAHAM, Ralph; McKENNA, Terence; SHELDRAKE, Rupert. Caos, criatividade e o retorno do sagrado: triálogos nas fronteiras do Ocidente. São Paulo: Cultrix, 1992.

CHARDIN, Pierre Teilhard de. Hino do Universo. São Paulo: Paulus, 1994. – (Educadores da humanidade).

DAMÁSIO, António. O livro da Consciência: A construção do cérebro consciente. Trad. Luís Oliveira Santos. Lisboa: Temas e Debates, 2010.

BARRETO, Maribel – Pós-doutora em Consciência, Transdisciplinaridade e Educação (Universidade Católica de Brasília/Brasil, 2009). Pós-doutora em Criatividade e Educação (Universidade de Brasília/UNB/Brasil, 2006). Doutora em educação (Universidade Federal da Bahia/Brasil, 2004). Mestre em educação. Especialista em Psicopedagogia. Graduada em Pedagogia. Título de Doutora Honoris Causa de Iberoamerica (CIHCE, 2007). Membro da Association for the scientific study of consciousness.

Recomendo…

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Fonte – Monicavox

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