Depressão de fim de ano… … – 20.12.2016
Inunda um sentimento de que, se uma pessoa não estiver com a mesma alegria das outras pessoas nesta época, então será interpretado como sinal de que há algo muito errado com ela. Muitas pessoas não entram no famoso “espírito natalino”, não sentem a mesma a alegria que percebem nas outras pessoas. Este sentimento de falta de entrosamento com o que seria esperado seria mais ou menos o mesmo sentimento que aparece em algumas pessoas na sexta feira à noite, “Vou pra casa sozinho quando tem tanta gente se divertindo, eu estou aqui sozinho….”.
O mesmo pode acontecer na época do natal, parece que existe um “complexo de período perfeito” onde se é obrigado a ser feliz. Mas qualquer obrigação pode oprimir.
É por isso que no período de natal, ano novo, festas em geral pode ser ao mesmo tempo um período no qual as pessoas esperam ansiosamente e ao mesmo tempo temem, sentem depressão, alguns passam por um verdadeiro terror fazendo contagem regressiva esperando a hora disso tudo acabar e poder voltar a rotina normal. Tudo devido à ansiedade e medo sobre o que vai acontecer, ou o que não vai acontecer, pois este é o ponto principal, a frustração de não acontecer nada, não receber amigos, não receber presentes, não se perceber importante para ninguém. Esta depressão de fim de ano pode ser canalizada de forma positiva e utilizada para que se reveja o que esta pessoa está fazendo de sua vida. Será que ela não passou o ano todo desperdiçando oportunidades para criar laços de amizade que valerão a pena ser comemorados todos os dias do ano? Não será este o grande momento para aprender a lidar de forma diferente com a própria vida?
A pergunta aqui é: o que aconteceu? Pode ser que a culpa seja da pós-modernidade, da globalização, do Facebook ou da complexidade dos novos arranjos familiares. O fato é que poucas pessoas conseguem sair dessa roda viva e acabam se sentindo estressadas, culpadas, ressentidas e cansadas no final do ano.
— Por que o Natal mexe tanto com as pessoas?
Há algumas explicações. Uma é ser uma data simbólica, ligada a fechamento e abertura de ciclo. Essa transição convida as pessoas a fazerem um balanço, o que pode ser agradável para uns e desagradável para outros. Há também o ideal psíquico de união familiar, muito usado pelo comércio, o que pode entrar em conflito com a realidade vivida por alguns. Um terceiro fator é o descolamento do significado da data. Como defesa, o indivíduo compra.
O Natal é herdeiro de uma homenagem ao deus Sol, que acontecia no hemisfério norte. Era um festa para marcar o solstício de inverno, quer dizer, o dia mais curto e escuro do ano, que cai perto de 22 de dezembro. Representava uma comemoração pela chegada da luz, pois depois daquela data os dias ficavam mais ensolarados. No fim do século 4, o papa Júlio I decreta o dia 25 de dezembro como data para celebrar o nascimento de Cristo. A figura do Papai Noel só se integrou aos rituais depois. Veio de Nicolau, bispo da região da Turquia, que tinha fama de presenteiro. Depois, sua fama se espalhou pela Europa e ele virou santo. O nome Noel vem da expressão francesa usada para designar o Natal. Em Portugal, ele é Papai Natal. Em inglês, é Santa Claus. As roupas vermelhas e a carinha rechonchuda do bom velhinho se popularizaram graças à publicidade.
— TPN Tensão Pré-Natal
– O que é a TPN (Tensão Pré-Natal)?
São pensamentos antecipatórios quanto as exigências que a sociedade impõe sobre esta data.
Muita gente começa a ver a decoração de natal nas lojas e já entra no clima, só que ao mesmo tempo vê que o ano está acabando e não conseguiu resolver sua vida, seus projetos, pagar suas contas. Quais são os sentimentos que afloram nessas pessoas devido o período?
Pode haver muita ansiedade, o que pode até ser boa ansiedade se usada para ação, ou seja, finalmente realizar aquilo que precisa, mas empurrou com a barriga o ano todo. Mas esta mesma ansiedade pode ser muito ruim se paralisar a pessoa a ponto de se considerar uma total incapaz e alimentar pensamentos de auto boicote.
— O que a pessoa pode fazer para evitar que tais sentimentos surjam?
Além dos sentimentos de “não realização” pode haver também os sentimentos de saudades das pessoas com as quais ele conviveu em outros natais, mas neste a pessoa não está mais por perto, seja por morte ou por término de relacionamento. De toda forma os sentimentos de fracasso podem surgir de vários lados. Para evitar estes sentimentos pode ser interessante que cada um viva sua vida com total consciência do que está fazendo.
— O sentimento de angústia por não ter conseguido cumprir todas as metas até o fim do ano pode ser mais frequente em mulher ou em homens?
O sentimento sim, mas o fato de não cumprir metas não é típico de mulher, e sim de algumas pessoas.
— De que maneira as pessoas podem driblar ou controlar a Tensão Pré-Natal?
Não há receita que possa ser aplicada em todas as pessoas, mas talvez planejar desde o início do ano para que não fique nada para trás, trabalhar o autoconhecimento.
— Além dessa cobrança por não ter atingido as metas, quais são os outros fatores negativos ou preocupações que a TPN pode trazer para a vida da pessoa?
Todo resultado negativo que pode aparecer no “balanço do ano”, relacionamentos que não engrenaram, amigos que partiram, conversas que não tiveram, reações que não aconteceram por falta de coragem, etc.
— O fato de muitas lojas anteciparem as decorações pode agravar a TPN?
O natal tem o efeito de estimular as emoções, e é claro que o comércio lucra com estas emoções pois creio que 90% de cada compra pode ser mais emocional do que representante de uma verdadeira necessidade. Sendo assim, antecipar a decoração poderá antecipar todas as emoções, boas e ruins, referentes ao Natal.
Os quadros de depressão no fim de ano são muito comuns, podendo aparecer, particularmente, entre pessoas que têm vulnerabilidade para aceitar mudanças no ritmo e nas circunstâncias de vida do ser humano. Há vários contextos e situações de vida que incidem neste período e que funcionam como gatilhos estressores. Memórias remotas negativas, lutos e feridas psicológicas ainda latentes e dolorosas podem contribuir para a depressão natalina, por exemplo. É comum que em determinadas épocas do ano, as pessoas reajam de maneira diferente, em consequência aos determinados estímulos que a estação do ano, épocas comemorativas, férias, bem como fim e início de ano. Muitas vezes sentem-se eufóricas, cheias de esperança, mas, em outras, ficam mais recolhidas e pensativas, com o humor deprimido, algumas sentem dificuldade de sair da cama, ou aumentam o consumo de massas e chocolates (alimentos precursores de serotonina). Outro sintoma comum costuma ser a falta de motivação para realizar as funções básicas do dia a dia. Muitas pessoas não se sentem felizes com o advento do Natal e do Ano Novo, e sua tristeza, contextual e localizada, a faz sentir culpada por não conseguir achar graça em comemorar algo que todos estão comemorando. Mesmo aqueles que não se sentem deprimidos, aproveitem o final de ano para fazer um balanço de tudo o que aconteceu, e fazer novos projetos, estabelecendo novas metas. Para muitos, datas como Natal e Ano Novo lembram família. Perdas e mortes, separações, luto e saudade podem favorecer, em indivíduos vulneráveis, o surgimento de um quadro depressivo. Sua intensidade varia de acordo com cada pessoa. A imagem de propagandas e programas de TV com pessoas extremamente felizes festejando o Natal e o Réveillon levam alguns a acreditar na alegria de todos, menos na sua. Concluindo: deixar de lado projetos “extraordinários”, propor-se objetivos realísticos, organizar o próprio tempo, fazer listas, prioridades, fazer um plano e segui-lo. Sair da ritualidade muito “Litúrgica” das festas e procurar inventar novas maneiras para celebrar a vida, seja em qualquer época do ano… desbloqueie-se….
Inspiração…
Fonte – Monicavox