Reencarnação X Ressurreição – Conceitos e Manipulações – 24.04.2015

Reencarnação X Ressurreição – Conceitos e Manipulações – 24.04.2015

O registro de inúmeros casos e investigação de experiência de vidas passadas, apontam claramente para a vida após a morte. Em todos os casos de registro de reencarnações, verificou-se que houve um lapso de tempo variável entre a morte de uma pessoa e a sua reencarnação na Terra. Então, para onde vamos depois de mortos até reencarnarmos na Terra? É um único plano de existência ou há uma variedade de planos de existência? Em caso afirmativo, quais são os fatores que decidem para onde vamos após a morte? O plano da Terra de existência é muito importante. É o único plano de existência em que podemos ter um crescimento espiritual relativamente  rápido (guardando-se as devidas proporções). A principal razão para isto é que com a ajuda do corpo físico, podemos fazer muitas coisas para melhorar o nosso crescimento espiritual e reduzir o componente involutivo. Apresentaremos aqui alguns pontos de vista para estas e outras questões sobre este tema.

OS TRÊS COMPONENTES BÁSICOS

Na Raja Yoga de Swami Vivekananda, baseada na Grande Sabedoria Yogue de Patanjali contida no Bhagavad Gita, cada um de nós é feito de três componentes básicos sutis ou  GUNAS. Esses componentes são espirituais na nossa natureza e não podem ser vistos, mas eles definem as nossas personalidades. Eles são:

1 – Sattva: Pureza e conhecimento;

2 – Raja: Ação e paixão;

3 – Tama: Ignorância e inércia. Numa pessoa média na era atual, o componente Tama básico sutil é em torno de  50%.

No momento da morte, como o corpo físico torna-se inativo a energia vital utilizada para o funcionamento do corpo físico é libertada para o Universo, essa  energia, no momento da morte impele o corpo sutil, longe ou perto da região da Terra. Assim como o peso de um projétil decide o quanto vai impulsionar um foguete, da mesma forma o “peso do corpo sutil” decide o plano de existência para o qual está vibrando, exatamente na mesma proporção. Seguindo pelos componentes básicos, o “peso” do corpo sutil é primariamente uma função da quantidade do componente básico TAMA, no nosso ser. Quanto mais estamos cheios dos componentes  RAJA e  TAMA, mais nos apresentam as seguintes características que contribuem para o nosso “peso” e o impacto do plano de existência para onde vamos na nossa vida após a morte.

1 – Mais apego às coisas mundanas e egoísmo;

2 – Mais desejos não satisfeitos;

3 – Sentimentos de vingança;

4 – Mais quantidade de defeitos de personalidade, como a ira, avareza, medo, etc.;

5 – Uma quantidade maior de ego: por ego queremos dizer o quanto uma pessoa se identifica com o seu corpo, mente e intelecto ao invés da sua Alma;

6 – Resultando em um menor nível espiritual.

Uma redução permanente na proporção do componente sutil TAMA e das características relacionadas mencionadas acima, vem apenas com a prática espiritual, leia-se, leituras e estudos voltados para o Ser e não para o Ter, hábitos de vida saudáveis, alimentação baseada no vegetarianismo, atitudes emocionais voltadas para o bem como um Todo, prevalecendo o equilíbrio de atitudes e pensamentos, priorizando o Amor e a compaixão pelos semelhantes.

O BUDISMO E A REENCARNAÇÃO

O Budismo não ensina a Reencarnação, o Budismo acredita no Renascimento. Então, qual seria a relação entre Reencarnação e Renascimento? A Reencarnação é a ideia da existência de um espírito separado do corpo; com a morte do corpo esse mesmo espírito reassume uma outra forma material e segue evoluindo. O renascimento na concepção Budista não é a transmigração de um espírito, de uma identidade substancial, mas a continuidade de um processo, um fluxo do de vir, no qual vidas sucessivas estão conectadas umas às outras através de causas e condições. Esse processo ou fluxo não ocorre apenas com a morte, mas está presente constantemente nas nossas vidas. Nós estamos em constante mudança, com cada momento nas nossas vidas surgindo na dependência do momento anterior, que deixou de existir. É um pouco parecido com a correnteza de um rio, a correnteza fluindo continuamente sem cessar. Não é possível entrar no mesmo rio duas vezes. Podemos ilustrar o Renascimento com um símile, é como se a chama de uma vela fosse empregada para acender uma outra vela e nesse processo a primeira vela fosse apagada. A chama da segunda vela surgiu na dependência da primeira vela, ou seja, tem uma conexão com ela, mas a chama da segunda vela não é idêntica à primeira. Então, as duas chamas possuem uma ligação mas não são idênticas.

O HINDUÍSMO E A REENCARNAÇÃO

A religião hindu é vasta e variada. Seus adeptos adoram a vários deuses e celebram diversas tradições. No entanto o Hinduísmo, a religião mais antiga do mundo, é unificado por sua aceitação ao Samsara, uma cadeia de nascimentos e mortes ligadas pela reencarnação. Controlar o Samsara é a Lei do Karma. Os hindus acreditam que todos os indivíduos acumulam karma no curso da vida. Boas ações criam bons karmas e más ações criam karmas negativos. O karma não é algo atribuído ou regulado por algum deus; é simplesmente obtido por um indivíduo que o passa adiante em suas vidas posteriores.

Mas enquanto o bom karma pode eventualmente colocar uma pessoa em um lugar mais alto no Sistema de Castas  em uma vida futura, o objetivo final de um adepto do hindu é a Moksha, ou a salvação do Samsara. Moksha é o último de quatro objetivos primários do hindu. Os três primeiros – kama, artha e dharma – dizem respeito a preocupações terrenas como prazer, poder ou bem-estar e virtude.

Irônicamente, para alcançar a moksha você deve se esforçar muito para não querê-la. A salvação só vem depois da pessoa ter abandonado todos as suas buscas e desejos e aceitado que a alma de um indivíduo deve ser a a mais próxima possível da  de Brahman, a alma universal ou simplesmente Deus. Ao deixar o ciclo, o indivíduo já não mais precisará suportar a dor e o sofrimento da existência terrena.

A crença na Reencarnação é também predominante em duas importantes religiões indianas: Jainismo e Sikhismo. Adeptos do jainismo acreditam que a alma acumula karma como uma substância física, contrariando o conceito hindu da lei kármica. Enquanto a alma estiver sobrecarregada de partículas kármicas, ela deve estar atada a um corpo, iniciando uma série de renascimentos. Só quando a alma estiver livre de todo o karma é que ela poderá sair desse ciclo de reencarnação e se juntar a outras almas desencarnadas em um estado de perfeição. No entanto, os adeptos atuais do Jainismo acreditam que essa libertação é praticamente impossível e por isso buscam simplesmente pela purificação de suas almas.

O CONCEITO DE RESSURREIÇÃO

O conceito de Ressurreição dos mortos é encontrado em várias religiões, embora seja associado particularmente com o Cristianismo por causa da crença central na Ressurreição de Jesus Cristo. A esperança de uma Ressurreição dos mortos pode ter entrado no Judaísmo a partir de fontes persas, embora a ideia tem raízes mais profundas no Antigo Testamento: o conceito de aliança de Deus com Israel. Sobre a vida de Ressurreição foi concebida diversas teses, mas o tipo de esperança, que passou para o pensamento cristão primitivo, é centrada na transformação da vida humana desde os mortos em um modo transcendental da existência. Após as experiências da Páscoa, o Cristianismo primitivo expressou sua fé no que tinha acontecido com Jesus como Ressurreição, no sentido transcendental. Este conceito é claramente distinguido das manobras de reanimação, ou um retorno a esta existência terrena, como narrado nos levantamentos de Lázaro e outros atribuídos a Jesus. São Paulo concebeu a Ressurreição de Jesus como o primeiro exemplo de um tipo de Ressurreição Apocalíptica (“Cristo, as primícias”, 1 Coríntios 15:20, 23.), Como resultado da Ressurreição de Cristo, todos os crentes podem esperar pela Ressurreição na “Segunda Vinda de Cristo”. Paulo indica que a Ressurreição do corpo será novo e “espiritual” (1 Coríntios 15:35 – 54.). A maioria dos teólogos interpretam que isto significa que é a personalidade que é ressuscitada. O Islã também acredita na Ressurreição dos mortos. A Ressurreição é um dos fatos cardinais e doutrinas do Evangelho. “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé “(1 Coríntios. 15:14). O conjunto da revelação do Novo Testamento  baseia-se isso como um fato histórico. No dia de Pentecostes, Pedro argumentou a necessidade da Ressurreição de Cristo a partir da previsão de Ps. 16 (Atos 2:24-28). Em seus discursos próprios, também, nosso Senhor claramente sugere sua Ressurreição (Mateus 20:19, Marcos 09:09, 14:28, Lucas 18:33, João 2:19-22). Os evangelistas dão atenção circunstancial dos fatos relacionados com o evento, e os apóstolos, também e no ensino público da doutrina Cristã em grande parte insiste nisso. Que Jesus Cristo morreu e depois ressuscitou dos mortos é tanto a doutrina central da teologia cristã e o fato importante na defesa de seus ensinamentos.Isto era verdade na igreja antiga e permanece até hoje.

O CONCEITO DE REENCARNAÇÃO

O conceito de reencarnação está presente na cultura ocidental desde o seu berço. Seiscentos anos antes da era cristã, a METEMPSICOSE ou Reencarnação era ensinada por Pitágoras. O Cristianismo dos primeiros tempos conhecia e ensinava a Reencarnação sob o nome de “Ressurreição”.

Foi durante o processo de montagem política do Cristianismo como religião imperial e dominante, que as passagens sobre reencarnação foram radicalmente distorcidas ou eliminadas do Novo Testamento. O conceito atual e convencional de Ressurreição é destituído de sentido e contraria as leis da natureza. Ele supõe que em algum momento futuro os mortos sairão fisicamente vivos das suas sepulturas, usando os mesmos corpos que morreram e apodreceram longo tempo atrás (!). O conceito original de Ressurreição, por outro lado, corresponde à ideia de Reencarnação, não entra em choque com as leis da natureza e faz todo o sentido do ponto de vista da visão evolutiva das coisas. Dele restam alguns indícios nas escrituras cristãs.

No capítulo 15 da Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, Jesus é descrito como o ser que abre espaço para a ressurreição de todos. Segundo a leitura esotérica dos evangelhos, “Jesus” é na verdade um símbolo do sexto princípio, Bhuddi , a sede da alma espiritual. É, realmente, através e a partir do princípio divino na consciência humana que se dá a reencarnação ou ressurreição (?). Em 1 Coríntios 15: 44, vemos:

“Semeia-se o corpo natural, ressuscita o corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual. ”A frase poderia ser interpretada da seguinte maneira: significa que, conforme o corpo natural é semeado, ou concebido e gerado, o corpo espiritual “ressuscita” ou reencarna nele.

MAS, SEGUNDO A BÍBLIA CRISTÃ…

A teoria da Reencarnação é contrária a obra redentora de Cristo, em quem somos “…justificados gratuitamente pela SUA Graça, pela redenção que há em Cristo Jesus…”; (Efésios 1:7). NELE “temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados”; (Colossenses 1:14). “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a SUA misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo” (Tito 3:5); “E assim, como aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos…” Hebreus 9:27a; E POR FIM, “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a SUA vida por nós…” 1 João 3:16a.

QUAIS AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS DE CONCEITO

A confusão entre o conceito de Ressurreição e o de Reencarnação é porque os judeus tinham noções vagas e incompletas sobre a alma e sua ligação com o corpo. Por isso, a reencarnação fazia parte dos dogmas judaicos sob o nome de Ressurreição. Eles acreditavam que um homem que viveu podia reviver, sem se inteirarem com precisão da maneira pela qual o fato podia ocorrer. Eles designavam por ressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente chama Reencarnação.

A Ressurreição segundo a ideia vulgar, é rejeitada pela Ciência. Se os despojos do corpo humano permanecessem homogêneos, embora dispersados e reduzidos a pó, ainda se conceberia a sua reunião em determinado tempo; mas as coisas não se passam assim, uma vez que os elementos desses corpos já estão dispersos e consumidos. Não se pode portanto, olhando sob este prisma, racionalmente admitir a Ressurreição, senão como figura simbolizando o fenômeno da Reencarnação.

O princípio da Reencarnação funda-se, a seu turno, sobre a justiça divina e a revelação. Dessa forma, a lei de Reencarnação elucida todas as anomalias e faz-nos compreender que o Plenum Cósmico/Deus deixa sempre uma porta aberta á reconstrução e à reavaliação para uma correção de rumo. ”E para isso, Ele, na sua infinita bondade, permite-nos encarnar tantas vezes quantas forem necessárias ao nosso aperfeiçoamento espiritual, utilizando-se deste e de outros Orbes disseminados no espaço”. (Kardec, 1984, cap. IV, it. 4, p. 59).

Em comparação a um conceito como o “Mundo Vindouro”, Reencarnação não é, tecnicamente falando, uma verdadeira Escatologia. A Reencarnação é meramente um veículo para se atingir um fim escatológico. É a reentrada da alma num corpo inteiramente novo no mundo atual. A Ressurreição, em contraste, é a reunificação da alma com o corpo anterior (recém reconstituído) no Mundo Vindouro, um mundo que a história ainda não testemunhou. A Ressurreição é assim um conceito puramente escatológico. Seu objetivo é recompensar o corpo com a eternidade e a alma com perfeição mais elevada. O propósito da Reencarnação geralmente é duplo: compensar uma falha na existência prévia ou criar um estado de perfeição pessoal novo, mais elevado, ainda não atingido. Assim, a Ressurreição é um tempo de recompensa; a Reencarnação um tempo de reparar. A Ressurreição é um tempo de colher; a Reencarnação um tempo de semear.

O JUDAÍSMO E A REENCARNAÇÃO

O fato de que a Reencarnação seja parte da tradição judaica é surpresa para muita gente. Apesar disso, é mencionada em numerosos locais em todos os textos clássicos do misticismo judaico, começando com a preeminente obra da Kaballah, o Zohar. ”Se alguém é mal sucedido no seu propósito neste mundo, o Eterno, Bendito seja, o desenraíza e planta mais e mais vezes. (Zohar I 186b)”. O Zohar e a literatura paralela estão repletos de referências à reencarnação, tocando em questões como: qual corpo ressuscitará e o que acontece com aqueles corpos que não atingem a perfeição definitiva; quantas chances uma alma recebe de atingir a perfeição por meio da Reencarnação; se um marido e mulher podem reencarnar juntos; se a demora no sepultamento pode afetar a reencarnação; e se uma alma pode reencarnar em um animal.

Muitos ficam igualmente surpresos ao descobrir que a Reencarnação era uma crença aceita por numerosos filósofos de mentes notáveis nas quais se baseia a civilização Ocidental. Embora o Judaísmo, obviamente, não concorde necessariamente com todas suas ideias e filosofias, mesmo assim Platão, por exemplo, partilha a crença na doutrina da Reencarnação. Ele parece ter sido influenciado pelas primeiras mentes clássicas gregas, como Pitágoras e Empedócles. No século XVIII, na Era do Iluminismo e Racionalismo, pensadores como Voltaire e Benjamim Franklyn expressaram uma afinidade pela noção da Reencarnação. No século XIX, Schopenhauer escreveu; “Se um asiático me pedisse uma definição de Europa, eu seria forçado a responder-lhe: É aquela parte do mundo que é assombrada pela incrível ilusão de que o presente nascimento da pessoa é sua primeira entrada na vida…” Dostoiévski (em Os Irmãos Karamazov) refere-se à ideia, ao passo que Tolstói parece ter sido categórico em afirmar que tinha vivido antes. ThoreauEmerson, Walt Whitman, Mark Twain e muitos outros reconheceram e/ou partilharam alguma forma de crença na Reencarnação. Deve-se registrar, no entanto, que algumas clássicas autoridades da Torá, mais especificamente, a autoridade do Século X, Saadia Gaon, negaram a Reencarnação como dogma judaico.

O V CONCÍLIO ECUMÊNICO DE CONSTANTINOPLA (553 d.C.) QUE RETIROU O CONCEITO DE REENCARNAÇÃO DA BÍBLIA

A Igreja teve alguns concílios tumultuados. Mas parece que o V Concílio de Constantinopla II (553) bateu o recorde em matéria de desordem e mesmo de desrespeito aos bispos e ao próprio Papa Virgílio, papa da época. O imperador Justiniano tem seus méritos, inclusive o de ter construído, em 552, a famosa Igreja de Santa Sofia, obra-prima da arte bizantina, hoje uma mesquita muçulmana. Era um teólogo que queria saber mais que teologia do que o papa. Sua mulher, a imperatriz Teodora, foi uma cortesã e se imiscuía nos assuntos do governo do seu marido, e até nos de teologia. Contam alguns autores que, por ter sido ela uma prostituta, isso era motivo de muito orgulho por parte das suas ex-colegas. Ela sentia, por sua vez, uma grande revolta contra o fato de suas ex-colegas ficarem decantando tal honra, que, para Teodora, se constituía em desonra. Para acabar com esta história, mandou eliminar todas as prostitutas da região de Constantinopla – cerca de quinhentas.

Como o povo naquela época era reencarnacionista, apesar de ser em sua maioria cristão, passou a chamá-la de assassina, e a dizer que deveria ser assassinada, em vidas futuras, quinhentas vezes; que era seu carma por ter mandado assassinar as suas ex-colegas prostitutas.

O certo é que Teodora passou a odiar a doutrina da Reencarnação. Como mandava e desmandava em meio mundo através de seu marido, resolveu partir para uma perseguição, sem tréguas contra essa doutrina e contra o seu maior defensor entre os cristãos, Orígenes, cuja fama de sábio era motivo de orgulho dos seguidores do cristianismo, apesar de ele ter vivido quase três séculos antes.

Como a doutrina da Reencarnação pressupõe a da preexistência do espírito, Justiniano e Teodora partiram, primeiro, para desestruturar a da preexistência, com o que estariam, automaticamente, desestruturando a da Reencarnação.

Em 543, Justiniano publicou um edito, em que expunha e condenava as principais ideias de Orígenes, sendo uma delas a da preexistência.

Em seguida à publicação do citado edito, Justiniano determinou ao patriarca Menas de Constantinopla que convocasse um sínodo, convidando os bispos para que votassem em seu edito, condenando dez anátemas deles constantes e atribuídos a Orígenes. A principal cláusula ou anátema que nos interessa é a da condenação da preexistência que, em síntese, é a seguinte: “Quem sustentar a mítica crença na preexistência da alma e a opinião, consequentemente estranha, de sua volta, seja anátema”.

Vamos ver agora essa cláusula na íntegra: “Se alguém diz ou sustenta que as almas humanas preexistiram na condição de inteligências e de santos poderes; que, tendo-se enojado da contemplação divina, tendo-se corrompido e, através disso, tendo-se arrefecido no amor a Deus, elas foram, por essa razão, chamadas de almas e, para seu castigo, mergulhadas em corpos, que ele seja anatematizado!” .

ALLAN KARDEC E A REENCARNAÇÃO

O Espiritismo, que é a uma das doutrinas mais populares e difundidas do conceito de Reencarnação, surgiu na França, em 1855, através de Hippoliyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido como Allan Kardec. Formou-se médico e professor de Letras e Ciências. Aos 51 anos de idade, presenciou o fenômeno sobrenatural das mesas girantes e a partir de então passou a se relacionar com os espíritos superiores, que o inspiraram a sistematizar a doutrina espírita. Em Kardec, o objetivo da Reencarnação é o progresso evolutivo do espírito do homem, obtido através dos esforços pessoais e de boas obras. Segundo a doutrina espírita, é um ciclo infinito de nascimento, morte e renascimento, que tem a função de cumprir o Carma. Carma é a lei da justiça retaliativa, ou seja, cada um será disciplinado segundo as suas próprias obras, por meio de provas e expiações pessoais. Vem disto a máxima kardecista: “Reencarnação, uma questão de justiça”. Um dos grandes argumentos do Kardecismo está em oferecer aos que perderam seus entes queridos, a oportunidade de continuarem a manter comunicação com estes após a morte. Outra coisa que desperta  interesse pelo kardecismo é o conceito de livre arbítrio, que afirma que todos têm as mesmas possibilidades de progredir. A principal meta seria a transformação e a elevação da humanidade, moral, intelectual, social, cultural e espiritualmente. É compreensível a adesão a estes princípios, pois a teoria reencarnacionista é justa, do ponto de vista humano. Responde a expectativa de aperfeiçoamento, dentro de parâmetros considerados legítimos. Os conceitos da extensa obra de Kardec e da doutrina espírita formaram a base para muitas outras doutrinas, tanto esotéricas como baseadas e fundamentadas no principal conceito do Espiritismo, que é a Reencarnação.

Em O Livro dos Espíritos, Kardec indaga na questão 132:

Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?

Resposta dos Espíritos Superiores:

“Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada minuto, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta”.

CHICO XAVIER E A REENCARNAÇÃO

Em que aspecto Francisco Cândido Xavier contribuiu com a Doutrina da Reencarnação? De que tratam os 452 livros psicografados por ele? Pode-se considerá-lo como continuador de Allan Kardec? São perguntas obrigatórias enquanto lembramos, respeitosos e um pouco reverentes, do maior médium brasileiro. Não nos cabe aqui, no presente momento, tecer uma Biografia deste Grande Médium Brasileiro, já que isso mereceria um post á parte. Porém, sua grande contribuição para a divulgação do conceito de Reencarnação é indiscutível, já que está no cerne da doutrina Espírita, sendo ele um grande divulgador da mesma no Brasil e no mundo. Sua obra é extensa e uma grande referência para todos que se interessarem em se aprofundar na questão da Reencarnação e de outros assuntos chaves da vida após a morte, bem como a todos os aspectos da vida humana em geral.

Destacamos um trecho onde ilustra muito bem o conceito de Reencarnação difundido pela doutrina espírita e pregada por Chico Xavier e pelos seus mentores espirituais, onde o  espírito de Emmanuel é o principal deles:

Nasceste no lar que Precisavas;
Vestiste o Corpo Físico que merecias;
Moras onde melhor Deus te proporcionou,
De acordo com teu adiantamento;
Possuímos os recursos financeiros coerentes com as tuas necessidades,
Nem mais, nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas;
Teu ambiente de trabalho é o que elegeste espontaneamente para tua realização;
Teus Parente e AMIGOS, são as almas que atraíste, com a tua própria afinidade;
Portanto, teu DESTINO está constantemente sob teu controle,
Tu escolhes, eleges, atrais, buscas, expulsas, modificas,
Tudo aquilo que te rodeia a existência;
Teus pensamentos e vontades
São a chave de teus atos e atitudes,
São as fontes de atração e repulsão na tua JORNADA, vivência;
Não reclames nem te faças de vítima;
Antes de tudo, analisa e observa;
A mudança está em tuas mãos,
Reprograma tuas metas,
Busca o bem e viverás melhor,
Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo
Qualquer um pode começar agora e fazer um Novo Fim.

Chico Xavier

“A Luz é Invencível” procurou através deste trabalho, elucidar um pouco mais estes conceitos tão importantes presentes nas religiões do mundo, que permeiam nossos pensamentos e ações,tecem caminhos de vida e dão sentido ás nossas experiências.Que cada um dos leitores e interessados no autoconhecimento de si mesmos e no aperfeiçoamento de valores e conceitos de vida,possam ampliar a mente e alimentar o espírito com mais luz.

Bibliografia para consulta

1 – La Science de la Religion – Max Müller
2 – Raja Yoga – Swami Vivekananda
3 – A Reencarnação e a Lei do Carma – William Walker Atikinson
4 – O Mistério do Eterno Retorno – Jean Prieur,
5 – Reencarnação – A Única Explicação – Ivan Herve
6 – A Reencarnação – Papus7 – A Realidade da Reencarnação – Robert Butler
8 – Casos Europeus de Reencarnação – Ian Stevenson
9 – Vestigés des Principaux Dogmes Chrétiéns – R. P. De Premare
10 – Introduction de L’histoire des Religions – Theodore Robinson
11 – Carma e Reencarnação – Paramahansa Yogananda
12 – Reencarnação ou Ressurreição? – Renold Blank
13 – As Leis do Carma e da Reencarnação – Edgar Cayce
14 – Investigando a Reencarnação – John Algeo
15 – Reencarnação – É Possível Provar – Gérson Simões Monteiro
16 – Livros de Allan Kardec – nossa Biblioteca Virtual
17 – Livros de Chico Xavier – nossa Biblioteca Virtual
18 – Livros de Divaldo Franco – nossa Biblioteca Virtual
19 – A Sobrevivência do Espírito – Hercílio Maes – pelo Espírito de Ramatis
20 – A Vida Humana e o Espírito Imortal – Hercílio Maes – pelo Espírito de Ramatis
21 – Ressurreição – História e Mito – Geza Vermes
22 – Ressurreição – O Evangelho Perdido – Tucker Malarkey
23 – A Nossa Ressurreição na Morte – Leonardo Boff
24 – A Ressurreição… aconteceu mesmo? – Josh Macdowell
25 – Patânjali e o Yoga – Mircea Eliade
26 – Conhecendo o Judaísmo – Origens – Carl S. Ehrlich
27 – A Bíblia e o Alcorão – Joachim Gnilka
28 – A Grande Síntese – Pietro Ubaldi (biblioteca Virtual)
29 – Literatura Sagrada na Índia – Sérgio Bisaggio
30 – Jesus e Buda – Marcus Borg
31 – Cristianismo e Espiritismo – Leon Denis
32 – A Reencarnação na Bíblia e na Ciência – José Reis Chaves
33 – A Reencarnação na Bíblia – Hermínio C. Miranda
34 – Teosofia – Helena Blavatsky – Elena Petrovna Blavatsky
35 – Zohar – O Livro do Esplendor – Rabi Shimon Bar Yochai
36 – Os Mistérios do Carma e a sua Superação – Annie Besant

Nota – Biblioteca Virtual

Divulgação – A Luz é Invencível

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