O Pensamento Lógico de Fé – 19.04.2015
A emergência da ciência e da tecnologia foi acompanhada por uma rápida secularização do nosso mundo e por uma recessão religiosa. A glorificação do racionalismo e o desejo de encontrar uma resposta para cada aspecto da existência humana, levaram, inexoralvelmente, a graves perdas no campo da vida mística, religiosa, emocional, inclusive em termos de “humanidade”. Dentre os responsáveis pelo aumento do abismo entre religião e ciência, fé e conhecimento, está a postura das igrejas institucionalizadas. Temendo perder influência nas esferas seculares, impuseram abusivamente sua autoridade no campo do conhecimento empírico. Esse fato aprofundou ainda mais a necessidade de uma maior diferenciação no campo da autoridade. O cisma entre pensamento científico e fé, colocou o homem moderno diante de uma dicotomia aparentemente intransponível. Os sentimentos espirituais se restringem cada vez mais com o crescimento do contingente daqueles que duvidam da verdade da mensagem de Cristo e das discussões em torno da doutrina cristã. Até mesmo os dogmas fundamentais sustentados pela tradição eclesiástica, como DEUS, CRISTO, IGREJA E REVELAÇÃO, se transformaram em objetos de veementes debates entre leigos e teólogos, indistintamente.
Quando o cerne e a base dos ensinamentos religiosos não são mais aceitos como pura verdade, nem mesmo pela própria base da religião, o cristianismo tradicional caminha, indubitavelmente, para o seu fim. Um exemplo que pode ser citado, dentre tantos outros é que na Alemanha, 77% acham possível ser cristão sem pertencer à nenhuma igreja. Dentro de segmentos da população consultada, a maioria não acreditava em Cristo como “emissário divino”, enviado pelo próprio Deus. E isso tudo ocorre em outras igrejas e países, um sinal claro da Nova Era que o Homem está vivenciando. Tudo porque a religião não soube evoluir, permanecendo com seus interesses políticos, domínio, poder, dogmas e a falta de interesse em informar seus “fiéis”, dando-lhe um enfoque histórico-científico-crítico-humanístico da verdadeira espiritualidade. A insistência em interpretações literais dos livros ditos “sagrados”, ocultações de informações históricas, a cega obrigação da observância dos tais “dogmas” sem qualquer base científica, está propiciando o declínio sem volta deste Cristianismo Eclesiástico. Ainda bem.
Realmente, o que chamamos hoje de Cristianismo tem pouco a ver com os preceitos que a Consciência Crística encarnada no Jesus humano desejava difundir. O que temos hoje em dia, são mais instruções de conduta arbitrária, manipuladora, castradora e interesseira, que vem por séculos sendo aceita pelos ditos “fiéis”, cuja boa fé e boa vontade são barbaramente exploradas. Consequentemente, estes mesmos fiéis, sendo por comodismo, medo ou ignorância, tem se deixado conduzir por uma Elite que detém um conhecimento, o qual não é nem um pouco interessante de ser disseminado e explicado, já que as consequências disso, são a perda do poder e da influência sobre a massa de manobra inculta, desinteressada, cômoda e amedrontada pelos infindáveis “pecados e punições”, imputados pelas mesmas “cabeças coroadas pelo Espírito de Deus”.
Muitos princípios “ditos” doutrinários de hoje, sob o ponto de vista verdadeiramente cristão (segundo os ensinamentos deixados pela Consciência Crística, que se conhece pelo Jesus Humano e cujas fontes foram devidamente adulteradas), não se conformam absolutamente com a mensagem desta Consciência. São, na verdade, um legado de Paulo, que tinha um modo de pensar, segundo os textos, radicalmente diferente. O Cristianismo que está hoje aí, que multidões seguem, desenvolveu-se à partir do momento em que o Paulinismo foi aceito como religião oficial. Na realidade segundo vários estudiosos (Emil Brunner só para citar um deles), construiu-se uma doutrina; da livre comunhão, um corpo jurídico; da livre associação, uma máquina hierárquica. Pode-se afirmar que, em cada um de seus elementos e na sua totalidade, tornou-se, exatamente, o oposto do que se pretendia e esperava.
Uma pessoa que frequenta uma igreja dita Cristã não pode deixar mais hoje de assumir uma postura crítica diante da proliferação de obscuros artigos de fé e dos deveres e obrigações que a envolvem. Um homem, totalmente humano a princípio, com uma Consciência Crística desenvolvida (a qual todos um dia chegaremos), surgiu no horizonte sombrio de sua época, trazendo uma mensagem cheia de esperança, de amor e bondade, e o que foi feito disso? Foi deliberadamente transformado em papel, verbosidade, negócio e poder. Dois mil anos transcorreram desde que este Audacioso Ser tentou libertar homens do jugo oficial das igrejas, caracterizada por burocracia, leis e figuras eminentes, por inflexibilidade, conflito em matéria de credos e crenças, por hierarquia e sua reivindicação de autoridade absoluta, pelo culto, idolatria e sectarismo. Essa Alta Consciência queria que os homens tivessem uma direta comunicação com o Plenum Cósmico/Deus e nunca tencionou “patrocinar ambiciosas carreiras eclesiásticas”.
Hoje, os ensinamentos desta Consciência Crística são mediados por especialistas privilegiados e pela arbitrariedade de um corpo de “profissionais do espírito”. Esta mesma Consciência foi gerenciada, mercadejada, codificada e virou livro. Onde a fé é viva e verdadeira, foi substituída por crenças mesquinhas e intolerantes, baseadas em um racionalismo clerical. Os mandamentos atribuídos à essa Consciência, mas de conhecimento de uma grande parte de nossa antiguidade, de tolerância e amor ao próximo, desapareceram, dando lugar ao fanatismo e ao dogmatismo. A luta pela supremacia de uma fé verdadeira, exclusiva, deixou um rastro de reveses, violência e sangue no caminho percorrido pelas igrejas. Luta sem tréguas, desde o tempo em que esta Consciência esteve pelo planeta até nossos dias, com inúmeras derivações, caindo para a política, interesses financeiros, bélicos e midiáticos, todos irreconciliáveis com qualquer doutrina que possa levar o homem à uma evolução tanto material quanto espiritual.
A realidade é uma só: A confiança no valor das experiências religiosas ou espirituais tende a decrescer com o desenvolvimento só das capacidades intelectuais. A crença exclusiva no racional e no provável ocupou o lugar reservado à fé luminosa e profunda como meio de captar a realidade. No processo de amadurecimento da sociedade moderna e altamente materialista, o sentimento religioso é relegado ao âmbito do irracional, do improvável e consequentemente, do irreal. À medida que cresce o nível educacional, muitas categorias de pessoas relegam a parte transcendental da vida, deixando de ter experiências profundas verdadeiras, com uma fé desdogmatizada e livre.
A principal causa deste equívoco é uma má, tendenciosa e manipulada ideia e conceito do que seria esta Consciência Crística e esse Plenum Cósmico/Deus/Criador. O divino não se coloca a uma distância utópica, mas dentro de cada um de nós, inspirando uma vida em harmonia com o infinito e o reconhecimento de que nossa curta existência não passa de um momento da eternidade, da qual faz parte.
Durante séculos, o homem ocidental foi induzido a considerar-se uma criatura separada do Plenum Cósmico/Deus. E hoje, no ”esclarecido” séc XXI, à beira da maior Transição Planetária de que se tem notícia neste planeta, esse mesmo homem, (os não despertos e os ainda inconscientes), parece mais do que nunca incerto quanto às possíveis respostas às mais antigas questões sobre este Plenum e sobre o sentido da Vida. Atualmente florescem em todo o mundo novos centros espirituais, com uma nova proposta, oferecendo outras ideias e soluções para os problemas da natureza humana, partindo da solução encontrada NO PRÓPRIO HOMEM.
CONCLUSÃO
Está surgindo uma espécie de Religião Universal sincrética, que se move na direção de uma plena auto-realização, através da contemplação, autoconhecimento e meditação em busca de uma iluminação espiritual e do entendimento místico-global da natureza cósmica que existe dentro de cada indivíduo. Devemos então, aguardar a germinação da semente do espírito, a emergência do interior transcendental que até agora nos “tinham prometido” para somente depois da morte física. Sabemos que não é o fim da espiritualidade, muito pelo contrário, está se abrindo silenciosamente em nós, a flor de uma consciência mística que não abrange apenas uns “poucos escolhidos e privilegiados”, mas todo o contexto do homem no planeta, desde que o homem faça sua escolha por autoconhecer-se e espiritualizar-se de uma forma abrangente, em todos os aspectos de uma vida moderna, científica , lógica e racional, porém voltada para os verdadeiros valores espirituais e em conformação com o nosso Planeta em transição e transformação.
“O Conhecimento da Verdade destrói todo o mal; Como o Sol brilha num céu sem nuvens, o verdadeiro Iluminado permanece firme, apartando os véus da ilusão”. – Buda.
Bibliografia para consulta
1 – La Science de la Religion – Max Müller
2 – Cânon e História Social – Frank Crusemann
3 – A Vida Oculta e Mística de Jesus – As Chaves Secretas do Cristo – Um Estudo de mais de 8000 anos – A. Leterre
4 – Cristianismo e Paganismo – A Conversão da Europa Ocidental – Jucelyn Nigel Hellgarth
5 – Mentiras sobre a Igreja Católica – Diane Moczar
6 – Histoire Philosophique du Genre Humain – Fabre d’ Olivet
7 – Verdades que a Igreja não Revela – O Vaticano e os Papas – Ely de Oliveira
8 – Igreja Católica e Maçonaria – Valdir Gomes
9 – A Crise na Igreja – Franz Xavier Kaufman
10 – Sociedades Secretas Illuminatti – Sérgio Pereira Couto
11 – O Livro Negro da Inquisição – Documentos – Vários autores
Nota – Biblioteca Virtual.
Divulgação – A Luz é Invencível