A Santíssima Trindade – Um Dogma Falso? – 03.04.2015

A Santíssima Trindade – Um Dogma Falso? – 03.04.2015

Um dos pontos mais fundamentais que constroem as diferenças doutrinárias entre todas as vertentes cristãs é o Trinitarismo, a doutrina da Santíssima Trindade. São discussões acaloradas que surgem entre cristãos trinitarianos e os unitarianos. Os trinitarianos dizem que a Santíssima Trindade não pode ser derrubada pela Ciência com suas provas e pesquisas, pela História dos Concílios com seus registros e evidências e muito menos com o exame racional do tema. É uma questão de fé, um dogma, algo que, como sempre, devemos acreditar porque nos mandaram acreditar. Neste post, iremos focar este conceito antiquíssimo, que virou dogma da maioria das religiões ocidentais e derivadas do Catolicismo, cujas razões exploraremos aqui. Procuraremos “jogar mais luz” em cima deste assunto, que contribui para mais manipulação e estímulo para crenças limitantes.

No início do Cristianismo “pós-suposta morte de Jesus” (ver posts da série sobre este assunto)concentrando-se à força na cidade dos Césares, aí permaneceu como encarcerada pelo poder humano e, passando por consecutivas reformas, perdeu a simplicidade encantadora das suas origens, transformando-se num edifício de pomposas exterioridades. Após a instituição do “culto dos santos”, surgiram imediatamente os primeiros ensaios de altares e paramentos para as cerimônias eclesiásticas, medidas aventadas pelos pagãos convertidos, os quais, constantemente, foram adaptando a Igreja à todos os sistemas religiosos do passado. 

Sob o ponto de vista da Igreja, e da História do Papado, o que vemos é a do desvirtuamento dos princípios do Cristianismo e da mensagem original da Consciência Crística, porque, pouco à pouco,  quase desapareceu sob as suas despóticas inovações. Criaram os pontífices, o latim nos rituais, o culto das imagens, a canonização, a confissão auricular, a adoração da hóstia, o celibato sacerdotal e, atualmente, noventa por cento das instituições são de origem humanísticas, financeiras, militares, governamentistas (!), fora de quaisquer características divinas.

O PONTO DE VISTA DA IGREJA CATÓLICA

As crenças dos cristãos primitivos eram muito simples: Todos os seus pensamentos sobre a vida cristã tinham como centro a pessoa de Cristo: Criam em Deus, o Pai; em Jesus como Filho de Deus, Senhor e Salvador; criam no Espírito Santo; criam no perdão dos pecados e na eminente  segunda vinda de Jesus.

Crer, entretanto, que a Igreja Primitiva era imaculada e sem defeitos é um romantismo que não encontra respaldo na História da Igreja e nem no Novo Testamento. Aliás, o próprio Novo Testamento foi escrito tendo em vista as necessidades surgidas no dia a dia da Igreja. As epístolas, na maioria das vezes, foram escritas para corrigir a postura doutrinária de uma determinada igreja local ou para combater uma heresia incipiente; Vejamos alguns exemplos:

1 – Gálatas – Escrita para combater os judaizantes;

2 – I e II Coríntios – Escritas para combater a frouxidão moral dos Cristãos Coríntios, bem como disciplinar o uso dos dons espirituais;

3 – I e II Tessalonicenses – Escritas para corrigir distorções no que diz respeito ao que aqueles cristãos acreditavam acerca da segunda vinda de Jesus.

4 – O Apocalipse foi escrito para alentar uma igreja perseguida, demonstrando o senhorio de Jesus na História. Os Evangelhos foram escritos cerca de 60 a.D., uma vez que a geração que convivera com Jesus estava morrendo e o testemunho escrito é mais duradouro e menos susceptível a distorções que o testemunho oral.

Como dissemos, a formulação das doutrinas foi gerada pelos desvios da fé. A fim de definir os que de fato poderiam ser chamados de cristãos, a Igreja, frente ao desafio das “heresias”, passou a sistematizar pontos doutrinários que exprimiam a “fé que de uma vez por todas foi entregue aos santos”. (!).

Resumindo, a Igreja definiu regras a seu bel prazer para conter as “heresias”, sendo a mais antiga o chamado Credo Apostólico, o qual resumia aqueles pontos de fé que o cristão genuíno deveria subscrever, e era claramente trinitariano; “Creio em Deus Pai, todo poderoso, criador do céu e da terra. Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; no terceiro dia ressurgiu dos mortos, subiu ao céu, e está sentado à mão direita de Deus Pai, todo poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na santa igreja católica; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados, na ressurreição do corpo e na vida eterna”.

Paralelamente, a igreja percebeu que precisava organizar-se estruturalmente. Definiu então a sucessão apostólica e o bispo monárquico para garantir a unidade da igreja, surgindo então o que é chamado de Igreja Católica Primitiva, significando o termo “católica” = Universal.

Tertuliano foi o primeiro a asseverar a tri personalidade de Deus e a usar o termo “Trindade”. Em oposição aos monarquianos ele enfatizava o fato de que as três Pessoas são uma só substância, susceptível de número sem divisão. Entretanto, não chegou à verdadeira declaração trinitariana, posto que concebia que uma pessoa estaria subordinada às outras, da seguinte maneira:

– O homem foi criado à imagem de Deus, sem imortalidade (sem perfeição), mas com a capacidade de recebê-la no caminho da OBEDIÊNCIA.

– O pecado é desobediência e produz a morte; a obediência produz a imortalidade.

– Em Adão, a raça humana inteira ficou sujeita à morte.

Tertuliano afirmava que o mal tornou-se um elemento natural do homem, presente desde o nascimento, e que essa condição passa de uma geração à outra. É o primeiro indício da doutrina do pecado original.

E não paramos por aí com esse Legislador da Igreja, que nos deixou esse “legado de falsas crenças” que acompanha a humanidade seguidora deste falso Cristianismo Papal. Segundo ele, o pecador, pelo arrependimento, obtém a salvação pelo batismo. Os pecados cometidos após o batismo requerem satisfação mediante Penitência (!), ficando cancelada a punição após o seu cumprimento. Antevê-se a base do sacramento católico-romano da penitência. Com relação à igreja, voltavam ao judaísmo, identificando a igreja (comunhão dos santos) com a igreja visível (organização), atribuindo à esta, a qualidade de canal da Graça Divina (!), fazendo com que a participação nas bênçãos da salvação dependesse de ser membro da Igreja Visível (!). Devido à influencia do Velho Testamento, também passou para primeiro plano a ideia de um especial Sacerdócio Medianeiro (!).

A ORIGEM PAGÃ DA TRINDADE

Alguns movimentos que, embora não sejam reconhecidos como cristãos pelas grandes denominações cristãs, junto a movimentos para-cristãos, afirmam que a Trindade é o fruto da importação de conceitos religiosos pagãos, e ainda uma fabricação da Igreja do Século IV. A este respeito, porém, é hoje consensual entre os especialistas em História das Religiões que em outras religiões – em especial a religião egípcia e o hinduísmo – não se encontra a afirmação da subsistência de um Deus em três Pessoas distintas – crença peculiar e restrita ao cristiansmo trinitário -, mas tão só a reunião de três deuses distintos de entre um vasto panteão, ou de três avatares, respectivamente.

Muitos séculos antes do tempo de Cristo havia tríades, ou trindades, de deuses na antiga Babilônia e Assíria. A “Enciclopédia Larousse de Mitologia”, francesa, fala de uma dessas tríades naquela região da Mesopotâmia: “O universo era dividido em três regiões, cada qual se tornando domínio de um deus. À parte de Anu era o céu. A terra foi dada a Enlil, e Ea tornou-se governante das águas.

Juntos constituíam a tríade dos grandes deuses. Se o paganismo foi conquistado pelo cristianismo, é igualmente verdade que o cristianismo foi corrompido pelo paganismo. O puro deísmo dos primeiros cristãos foi mudado, pela igreja de Roma, para o incompreensível dogma da trindade. Muitos dos dogmas pagãos, inventados pelos egípcios e idealizados por Platão, foram retidos como sendo dignos de crença. Mas, o que tem haver com a trindade, o filosofo grego Platão? Platão segundo se pensa, viveu de 428 a 347 antes de Cristo. Embora não ensinasse a trindade na sua forma atual, as suas filosofias pavimentaram o caminho para ela. Mais tarde movimentos filosóficos que incluíam crenças triádicas floresceram, e estas eram influenciadas pelas ideias de Platão a respeito de Deus e da natureza. Segundo o Nouveau Dictionnaire Universel: “A trindade platônica, que em si é meramente um rearranjo de trindades mais antigas, que remontam aos povos anteriores, parece ser a trindade filosófica racional de atributos que deram origem às três hipóteses ou pessoas divinas, ensinadas pelas igrejas cristãs. O conceito deste filósofo grego sobre a trindade divina  pode ser encontrado em todas as religiões pagãs antigas. O dicionário do Conhecimento Religioso menciona que muitos dizem que a trindade “é a corrupção emprestada de religiões pagãs e enxertada na fé cristã”. E “O Paganismo no Nosso Cristianismo” declara: “A origem da Trindade é inteiramente pagã”.

TrindadeHindu

A TRINDADE HINDU

O Dogma da Trindade é uma adaptação da Trimúrti da antiguidade oriental, que reunia nas doutrinas do Bramanismo os três deuses;

1 – Brama (O Criador)

2 – Vishnu (O Renovador/Preservador)

3 – Shiva (O Transformador/Destruidor) 

Muito fala-se sobre a Trindade Hindu – Brahma, Shiva e Vishnu. Mas existe um equívoco em achar que isso tenha qualquer semelhança à trindade cristã. Brahma, Shiva e Vishnu são importantes na cultura védica por serem os controladores da natureza material, especificamente os três modos da natureza material. A natureza material age basicamente em três formas ou modos (Gunas). Quando há criação, construção, geração, procriação, etc. – a natureza material age no modo da paixão (rajo-guna). Quando há estabilidade, manutenção, preservação, equilíbrio, sustentação – a natureza material age sob o modo da bondade (sattva-guna). E quando a destruição, dissolução, desgaste, devastação, declínio, etc. – a natureza age sob o modo da ignorância (tamo-guna). Brahma, Shiva e Vishnu são os “guna-avataras”, ou seja, as encarnações responsáveis, por cada um desses três modos da natureza material.

TrindaEgipcia

A TRINDADE EGÍPCIA

Cabe agora falar da famosa Trindade Egípcia. Segundo relatam os mestres desta antiga tríade, o Ser supremo, se é único em sua essência, não é tal em sua pessoa. Não nasce de si mesmo para engendrar, senão que engendra em si mesmo e é de vez em vez, Pai, Mãe e Filho de Deus, e isto sem sair de si mesmo. Estas três pessoas são ”Deus em Deus” e não dividem a unidade da natureza divina, mas concorrem as três pessoas em sua infinita perfeição. O Pai representa a energia criadora e o Filho, sendo um desdobramento do Pai, confirma e manisfesta seus eternos atributos. Cada província egípcia tinha sua própria Trindade, todas as Trindades estavam estreitamente unidas uma com as outras, de modo que a unidade divina não resultava menos diminuída em absoluto, assim como a divisão do Egito em províncias não diminuía a unidade do poder central. A Trindade principal, ou grande Trindade, era a de Abidos e compreendia a Osíris, Ísis e Hórus. Era a mais popular e a mais venerada em todo o Egito, pois Osíris era a personificação do Bem e era comumente chamado de ”Deus Bom”. A Trindade de Mênfis compreendia a Ptah, Sekhmet e Nefertum; a de Tebas, a Amón, Mut e Khonsu.

Sem embargo, a Trindade não é o único dogma que conservou o Egito da revelação originária. Em seus livros sagrados se encontra o pecado original, a promessa de um deus redentor dos pecados, a renovação futura da humanidade, a ressurreição da carne depois da morte do corpo (tudo minuciosamente copiado para a Igreja Cristã, posteriormente adaptado para a Igreja Católica dos Papas).

Cada mudança de Dinastia era acompanhada de uma revolução monoteísta em que o Ser Supremo ia afirmando seu predomínio sobre o fetichismo das outras divindades. A revolução religiosa de Amenófis IV e Akhenaton foi precedida pela de Menés, sem contar a de Osíris (V milênio a.C.). Segundo alguns historiadores, na época de Osíris, rei de Tebas (4200 a.C.), ocorreu uma troca religiosa total e este rei, que considerado o mais devoto de todos, resolveu adotar o monoteísmo na maior parte do país. É o mesmo Osíris que, uma vez divinizado, presidirá o tribunal supremo, julgando a alma do defunto.

A TRINDADE SEGUNDO O JUDAÍSMO

Exegetas e teólogos hoje em dia concordam que a Bíblia hebraica não contém uma doutrina da Trindade. Embora a Bíblia Hebraica retrate á Deus como o pai de Israel e empregue personificações de Deus, tais como Palavra (davar), Espírito (ruah), Sabedoria (hokhmah) e Presença (shekhinah), relacionar estas noções com a posterior doutrina trinitarista seria ir além da intenção e do espírito do Velho Testamento. Além disso, exegetas e teólogos concordam que o Novo Testamento tampouco contém uma explícita doutrina da Trindade. Deus, o Pai, é a fonte de tudo o que há (Pantokrator) e também o pai de Jesus Cristo (?); “Pai” não é um título da primeira pessoa da Trindade, mas um sinônimo de Deus. No Novo Testamento não há nenhuma conscientização refletiva da natureza metafísica de Deus (“trindade imanente”).

A TRINDADE NO ESPIRITISMO 

O Espiritismo entende a Trindade como copiada de outras religiões antigas e adaptada pela Igreja Cristã e depois Católica, afim de conciliar interesses e seitas pagãs, afim de reunir tudo em uma só “Lei e Dogma”. As interpretações de Allan Kardec  são as seguintes;

PAI – É a “primeira pessoa” da Santíssima Trindade: Deus. Na Gênese de Moisés, Deus criou o homem a sua imagem e semelhança (cap. 1, vs. 26 e 27); porém, parece-nos que houve uma inversão de valores: o homem é quem criou um Deus a sua imagem. Como pode a criatura, limitada, limitar o ilimitado, o criador, colocando-o como pessoa unida à duas outras? Por isso que alguém disse que “o homem é a medida de todas as coisas”. Personificar Deus – o Deus antropomorfo -, confundi-lo com os fenômenos da natureza, foi próprio de criaturas das eras primitivas, porém, aqui, parece-nos que é inviável, salvo se o estão considerando como “pessoa jurídica” ou fictícia. Os espíritas, não compactuam com essas complicações que denunciam, tão somente, os interesses sectários em prol de classes sacerdotais ou pastorais, nada mais que profissionais das religiões. Pregam e acreditam na Religião em Espírito e Verdade – Religião do Espírito – que, com respeito ao nosso criador, postula: “Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas”.

FILHO – É a “segunda pessoa” da Santíssima Trindade: Jesus. Para os espíritas, filho de quem? De José e Maria, segundo a carne; de Deus, segundo o Espírito. Como pessoa, apenas é o “irmão mais velho”, por existir antes da formação da Terra, quiçá do Sistema Solar. Por isso, foi confundido com o próprio Deus. A sua divindade não está circunscrita numa posição intermediária da Trindade. Transformado em parte intrínseca de Deus, Jesus de Nazaré perdeu a sua personalidade própria, colocado entre Deus e o Espírito Santo. O Deus uno de Jesus, o Pai, cuja concepção simples e clara abalou o mundo antigo e revelou a fraternidade universal dos povos e das raças, fragmentou-se em três pessoas, o que vale dizer em três deuses, iniciando a hierarquia da Igreja, que se prolongaria indefinidamente no tempo (?). Temos que reconhecer que passamos por fases primitivas do conhecimento no processo evolutivo, no qual estamos inseridos. As questões dos mitos e dos símbolos foram úteis até certo ponto; porém, a partir deste, tornaram-se pedras de tropeço. O homem só permanece neles por comodismo ou interesses mesquinhos. É o caso da permanência no mito irracional da Trindade, daí a origem da mitologia cristã e do sectarismo religioso. A superioridade de Jesus (Consciência Crística encarnada) sobre os homens não se prendia às particularidades de seu corpo, mas as de seu Espírito, que dominava a matéria de maneira absoluta, e a de seu perispírito, forjada na parte mais quintessenciada dos fluidos terrestres. Jesus, como ficou dito acima segundo a doutrina espírita, é o “irmão mais velho”, não é Deus.

ESPÍRITO SANTO – É a “terceira pessoa” da Santíssima Trindade. Como vimos acima, personificar Deus ou confundi-lo com Jesus é uma aberração; aqui, a personificação do Espírito Santo continua na mesma, para não dizer pior. O Espiritismo compreende que não se trata de uma pessoa, mas de um coletivo inumerável de bons para espíritos puros, isto é, seres atuantes como colaboradores diretos de Jesus e da Espiritualidade Maior. As antigas escrituras não continham o qualificativo santo, quando se falava do Espírito. Todos os apóstolos reconheciam a existência de Espíritos, mas entre estes, bons e maus. Foi só com a tradução das antigas escrituras e constituição da Vulgata que esse qualificativo foi acrescentado, com certeza para fortificar o “Mistério da Santíssima Trindade”, tirado de uma lenda hindu (Trimurti). Esse mistério veio criar uma doutrina nova sobre a concepção de Espírito, atribuindo a este, quando revestido do qualificativo Santo, um ser misterioso, incriado, também Deus e co-eterno com o Pai.

Como se vê, não há como os espíritas conciliarem com o dogma da Santíssima Trindade e, consequentemente, com o mistério da divisão de Deus em três partes distintas. Deus é único: “se houvesse vários deuses, não haveria unidade de vistas, nem unidade de poder no ordenamento do Universo”, (segundo a questão nº 13, de O Livro dos Espíritos).

Encerrarmos estas considerações, com a seguinte lição de Emmanuel:

“Os textos primitivos da organização cristã não falam da concepção da Igreja Romana, quanto à chamada “Santíssima Trindade”. (…) Por largos anos, antes da Boa Nova, o bramanismo guardava a concepção de Deus, dividido em três princípios essenciais, que os seus sacerdotes denominavam Brama, Shiva e Vishnu. Contudo, a Teologia, que se organizava sobre os antigos princípios do politeísmo romano, necessitava apresentar um complexo de enunciados religiosos, de modo a confundir os espíritos mais simples, mesmo porque sabemos que se a Igreja foi, a princípio, depositária das tradições cristãs, não tardou muito que o sacerdócio eliminasse as mais belas expressões do profetismo, inumando o Evangelho sob um acervo de convenções religiosas, e roubando às revelações primitivas a sua feição de simplicidade e de amor”.

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OS TRES LOGOS E A  TRINDADE 

Para um espiritualista o início da Criação foi a Unidade. Um ponto que continha tudo. Uma criação feita em três momentos, em três fases distintas chamadas de “Logos”. Assim nasceu o que chamamos de Trindade. O primeiro Logos é o momento criativo. É a matéria virgem que contem tudo. É a fonte de onde proviemos, a parte mais superior do nosso ser, é a nossa substância primordial. É enfim o nosso espírito. Neste primeiro momento o movimento, As Mônadas, as formas ainda não existiam. Por isso quando eventualmente numa meditação é alcançada esta parte superior do Ser, chamamos de “O Grande Silêncio”. O Cristianismo chama esta  substância primordial de “Pai”.

No segundo Logos, segundo momento da Criação, são criadas as Unidades de Consciência, a que chamamos “Mônadas” (que somos cada um de nós). Com elas, quando formos nos relacionar com o habitat que seria posteriormente criado para vivermos, poderemos chegar à Sabedoria, conhecer os mistérios divinos, todos os mistérios da Criação. Aqui, já teremos que começar a distinguir a Consciência de nossa Mônada da nossa mente. Sendo a Mônada criada da substância primordial, do Pai, contém naturalmente todos os poderes latentes que a constituíam. Aqui temos explicada a frase: “Somos feitos à semelhança de Deus Pai Criador”. O Cristianismo chama esta parte do nosso Ser, o Segundo Logos, de “Filho”. A chamamos também de “Alma”.

No Terceiro Logos, terceiro momento da Criação, surge então o universo formal, as formas que irão envolver as Mônadas, aquelas unidades de Consciência. Formas que passarão por um processo evolutivo através dos reinos minerais, vegetais e animais até as mônadas chegarem a ser envoltas numa forma humana. A Consciência da Mônada (que chamamos também de “Centelha Divina”) irá penetrar nossos corpos formais humanos, desde o chamado ”Ponto Central de Nosso Ser”.

Estas formas que envolvem as Mônadas, os seus corpos, obedecem também a grande energia da Trindade. Serão: físicos, emocionais e mentais. Vemos aqui então, que a mente apenas percebe sensorialmente o habitat em que vive, não ultrapassa este limite. Não capta os mistérios da criação, não atinge a plena sabedoria como o pode fazer a Consciência da Mônada. Numa meditação fazemos então eventualmente, o contato com nosso Eu Superior, através do Segundo Logos, da Consciência da nossa Alma, do Filho “Ninguém vai ao Pai a não ser através de Mim” (através da Consciência Crística), referindo-se a ele mesmo como um representante do Filho, do Segundo Logos. Então, em meditação, jamais atingiremos o Pai através da mente, ao contrário, temos que ali transcender aos nossos três corpos inferiores, dos quais a mente é um deles.

No momento do Terceiro Logos, todo o universo formal manifestado é então criado. Por isso os espiritualistas costumam dizer que apesar dos cientistas dizerem que não acreditam no Plenum Cósmico/Deus, na medida em que  se dedicam a estudar o universo manifestado, estão, sem o saber, estudando o Plenum Cósmico/Deus em seu terceiro aspecto: O universo formal. Esta grande força criativa da Trindade está também presente em nosso desenvolvimento social e religioso, tal como nos afirmou Hermes Trimegisto na antiguidade: “Assim como é acima assim é abaixo”. Caminhamos sempre sob a tutela desta força trina.

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A CHAMA TRINA COMO SÍMBOLO DA TRINDADE;

ENSINAMENTOS DA GRANDE FRATERNIDADE BRANCA

A Chama Trina é a união de três chamas: azul, dourada, rosa. A Chama da Consciência Crística dentro do coração, encarna as mesmas qualidades de amor, sabedoria, e dá poder àquela manifestação no coração do Todo-poderoso, no coração de sua Presença EU SOU, e no coração de seu Cristo Pessoal. Certamente dentro de nosso próprio templo do corpo, estão as três plumas ígneas do Espírito Santo cor-de-rosa, dourada e as pulsações azuis da chama vivente. Assim a Trindade divina ganha expressão no mundo da forma material. A energia azul representa o Poder e a Força de Deus; a Dourada, a Sabedoria ou Divina Iluminação; a Rosa, o Puro Amor Divino. Estas três atividades são os três Aspectos Divinos presentes em todas as coisas. O perfeito equilíbrio destas Três Qualidades Divinas é muitas vezes denominado “O Poder de Três Vezes Três”. Também correspondendo com a trindade do corpo, mente e alma, a Chama Trina arde as necessidades materiais do homem para poder percorrer o corpo (a fé e a benevolência do intento divino); sabedoria para nutrir a mente (iluminação e o uso correto do conhecimento da Lei); e amor para cumprir o destino da alma em manifestação exterior consciente (uma compaixão justa e misericordiosa que sempre é recompensada através da realização criativa individual).

A chama dentro do coração é nosso enfoque pessoal do fogo sagrado. É nossa oportunidade para nos tornarmos “o Cristo”. É o potencial de nossa Divindade, esperando para estar dentro de nossa humanidade. É comumente denominada Chama Crística, uma incorporação da atividade do Santo-Ser-Crístico que Jesus chamava: “O Pai em Mim”. Durante as primeiras três idades douradas antes da partida da inocência do homem, o cordão cristalino tinha nove pés em diâmetro e a Chama Trina envolvia a sua forma. A fonte de energia do homem era literalmente ilimitada e a consciência da sua Consciência Crística envolvia tudo.

Depois da queda, foi reduzida a oportunidade do homem para exercitar o seu livre arbítrio. Através do evento cósmico da densidade de terceira dimensão, a Chama Trina foi reduzida a um décimo-sexto de uma polegada em altura. Como a Chama de Iluminação expande nossa consciência interior, envolve nosso ser gradualmente até o Plenum Cósmico/Deus, que com a Santa Sabedoria, é empossado no altar de nosso coração. Mas com cada aumento de sabedoria, “o poder e a plumas de amor” têm que subir também pela ordem de nossa devoção. Igualmente, com cada poder tem que vir a aquisição da sabedoria e tem-se que amar em equilíbrio perfeito. Também assim, o amor só é atualizado por uma manifestação equivalente de poder e sabedoria.

CONCLUSÃO

Nós, Sementes Estelares, agora compreendemos que é de grande valor passar algum tempo em meditação e em contemplação, examinando as estruturas que nós criamos em nossa realidade de terceira e quarta dimensões (o que inclui restrições mentais, emocionais, físicas e até algumas espirituais). Conforme assim fizermos, vamos determinar, de modo eficaz, que chegou a hora de liberar muitos dos laços que nos amarraram, para que possamos mover-nos rapidamente para o expandido e capacitado mundo do amanhã. Muitas almas corajosas têm sido vitoriosas em sobrepujar a sua natureza pessoal, enquanto trilham de forma constante o Caminho da Ascensão. É uma oportunidade grandiosa reivindicar a nossa Trindade da Consciência (nossas refinadas naturezas mental, emocional e espiritual). É o nosso maior objetivo agora. Vamos escolher a estrada elevada, porque nós estamos sendo presenteados com uma oportunidade de ouro, que nunca antes foi oferecida à humanidade – uma oportunidade que não será oferecida novamente por muito tempo.

“Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos.” – Santo Agostinho.

Bibliografia para consulta

1 – La Science de la Religion – Max Müller
2 – Histoire des Religions – Konemann Verlag
3 – Todo Egito – Abbas Chalaby
4 – O Livro dos Espíritos – Allan Kardec
5 – Revisão do Cristianismo – Herculano Pires
6 – Pistis Sophia – Raul Branco
7 – Livros da Fraternidade Branca – nossa Biblioteca Virtual
8 –  Livros da Ponte para Liberdade – nossa Biblioteca Virtual
9 – Vestigés des Principaux Dogmes Chrétiéns – R. P. De Premare
10 – Introduction de L’histoire des Religions – Theodore Robinson
11 – A Gênese – Allan Kardec12 – O Consolador – Pelo Espírito de Emmanuel – Francisco Cândido Xavier
13 – Livros espíritas diversos – nossa Biblioteca Virtual
14 – O Espírito Santo – Leonardo Boff
15 – Igreja -Verdade e Mentira – Mario Pasotto
16 – Deus – Uno e Trino – Gonzalo Lobo Mendez
17 – O Poder da Chama Trina – Manu
18 – Deus – Trindade e a Vida no Coração do Mundo – Vitor Galdino Feller
19 – Interpretação Psicológica do Dogma da Trindade – Carl Jung
20 – Três Deuses e uma Trindade – David Raskin
21 – A Santíssima Trindade – Leonardo Boff
22 – A Filosofia na Antiguidade Cristã – Christopher Stead
23 – Conhecendo o Judaísmo – Origens – Carl S. Ehrlich
24 – Literatura Sagrada na Índia – Sérgio Bisaggio

Divulgação: A Luz é Invencível

Nota: Biblioteca Virtual

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